135 CRIANÇAS SÃO VÍTIMAS DE MAUS TRATOS POR MÊS EM MG
Cento e trinta e cinco crianças e adolescentes são vítimas de maus-tratos por mês em Minas Gerais. O dado da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG) é somente a ponta de algo que ainda está muito distante de retratar a realidade, segundo um especialista da área, visto a existência de subnotificações. Somente no primeiro semestre de 2023, 814 registros foram feitos junto às forças de segurança.
Em Belo Horizonte, um garoto de 12 anos usou as redes sociais para denunciar que foi espancado pela mãe, de 39. Ele publicou imagens de um circuito de segurança que mostram as agressões. Os episódios ocorreram na residência onde ele vivia com a familiar e também na casa da avó materna. Os imóveis estão localizados no bairro Cachoeirinha, na região Nordeste da capital mineira.
O especialista em segurança pública Jorge Tassi avalia que os crimes de maus-tratos contra crianças e adolescentes ocorrem, em regra, no “seio do lar”. “Infelizmente essa é a realidade da sociedade. A maioria dos agressores são os pais ou responsáveis legais. A estatística que temos é limitada por conta dos registros que não são feitos”, avalia.
Um dos fatores que ajudam a explicar a existência de subnotificações, conforme analisa Tassi, é o fato da dependência existente entre vítima e agressor. “Mesmo com o Estado ampliando as possibilidades para denúncia, a queixa acaba não sendo realizada, pois temos uma relação muito estreita entre os envolvidos”.
Para que a violência diminua, Tassi pondera a necessidade de haver uma mudança na sociedade. “Só teremos a verdadeira mudança nas estatísticas quando nós melhorarmos. Os maus-tratos contra crianças, adolescentes, deficientes e idosos é mais uma questão social do que de segurança pública. Estamos falando de algo antropológico, do comportamento humano. E, nos dias de hoje, o ser humano está adoecido e desconta a fúria dentro do ambiente do lar”, finaliza.