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8 MIL ESPERAM NA FILA POR TRANSPLANTE EM MG

Apesar da realização de cerca de 160 transplantes por mês e quase 2 mil por ano, Minas Gerais ainda conta com uma fila de espera por órgãos e tecidos compatíveis que chega a quase 8 mil pessoas. O longo tempo de espera torna ainda mais importante a campanha do Setembro Verde, que visa à conscientização sobre a importância da doação de órgãos pela população.

Em 2023, segundo os dados da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), foram 1.082 transplantes de órgãos sólidos e 894 de córneas — que são considerados um tecido —, totalizando 1.976 procedimentos cirúrgicos em todo o Estado. Em 2024, até esta quinta-feira (19 de setembro), o número chegava a 1.459 cirurgias, sendo 757 transplantes de órgãos e 702 de córneas. Mesmo o mês ainda não tendo chegado ao fim, o número já supera o total dos nove primeiros meses de 2023.

“No ano passado, nós batemos o recorde histórico de Minas Gerais em termos de doação para transplante. Em 2024, continuamos melhorando, e a nossa expectativa é que cresça cerca de 15%. Mas ainda é um número abaixo do que a gente gostaria, uma vez que as filas de espera ainda são grandes, especialmente para rins e córneas. A única maneira de conseguirmos diminuir essa espera é aumentando o número de doações, para que possamos salvar mais pessoas que estão esperando”, explica Omar Lopes Cançado, diretor do MG Transplantes, que pertence à Fhemig.

Só na Santa Casa BH, que é um hospital de alta complexidade 100% SUS, de janeiro a agosto deste ano foram 233 transplantes — 41 rins, 30 fígados, 16 corações, 91 transplantes de medula óssea e 55 córneas. O médico Pedro Augusto Macedo, nefrologista e superintendente de Governança Clínica da Santa Casa BH, percebe um aumento no número de procedimentos. No entanto, ele considera que é possível melhorar.

“Se a gente for olhar os dados do Ministério da Saúde, especificamente sobre Minas Gerais, vemos que, no primeiro semestre, em relação a 2023, o aumento foi de apenas 4%. Então isso mostra que tivemos um avanço, mas que a necessidade de doações ainda é muito grande, porque há muitas pessoas na fila”, considera.

Metade das pessoas na fila esperam por córneas

Ainda conforme os dados divulgados pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), até agora, o Estado conta com 7.905 pessoas na lista de espera por transplantes de órgãos e tecidos. Deste total, 50,7% (4.011) aguardam por córneas. Os outros 3.894 pacientes dependem de órgãos, sendo o rim o que possui a maior fila (3.679), seguido pelo fígado (80) e coração (22).

A engenheira de alimentos Millena Cristina Corrêa Vieira, de 26 anos, é uma das pessoas que está na lista pelo transplante mais “esperado” no Estado. Ela é portadora da condição chamada “ceratocone”, que faz com que suas córneas fiquem mais finas e se projetem para fora em forma de cone. Após toda a documentação ser formalizada, ela entrou para a lista de espera em julho deste ano, na posição 1.097. Passados dois meses, ela agora aparece na 820ª posição.

“Essa espera é angustiante. A gente (pacientes na fila) sempre fica apreensivo, pois quanto mais rápido isso ocorre, mais rápido a gente vai voltar à nossa vida normal. Esse período na fila é como apertar o botão de pausa na nossa vida”, disse.

O médico Pedro Augusto Macedo, superintendente de Governança Clínica da Santa Casa BH, destaca que o grande número de pessoas nas filas demonstra a necessidade de se aumentar o número de doações. “Os dados do Ministério da Saúde indicam que, no primeiro semestre deste ano, em relação a 2023, houve um aumento de apenas 4%. Isso mostra que tivemos um avanço, mas que a necessidade de doações ainda é muito grande”, afirmou.

Busca ativa nos hospitais

Visando aumentar o número de doadores, o MG Transplantes vem realizando uma série de encontros com hospitais do Estado para sensibilizar os profissionais da saúde sobre a importância da busca ativa de potenciais doadores. No início do mês, o órgão realizou o 3º Simpósio das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante e, nesta sexta-feira (20 de setembro), outro evento com o mesmo objetivo acontece no Hospital das Clínicas da UFMG.

“No MG Transplantes, nós não temos doadores, eles estão nos hospitais. Então, é muito importante que esses profissionais consigam identificar o possível doador para notificar a Central de Transplantes sobre esses pacientes. Esse passo é muito importante para que possamos solicitar essa doação e fazer o trâmite necessário para o diagnóstico da morte, para a logística de distribuição desses órgãos até a realização do transplante em si”, completa.