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CIENTISTA DE PASSOS GANHA PRÊMIO DE MULTINACIONAL

A cientista passense Gabriela Venturini da Silva, de 35 anos, é uma das vencedoras da segunda edição do programa “25 Mulheres na Ciência: América Latina”, desenvolvido pela multinacional 3M. Formada em Biologia pela Universidade Federal de Uberlândia, com mestrado e doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado pela Escola de Medicina de Harvard (HMS), nos Estados Unidos, Gabriela foi premiada pela pesquisa sobre identificação de moléculas para o diagnóstico de isquemia. Com o prêmio, a cientista ganhou um MBA em Liderança e Negociação na Universidade de Monterrey.

“Estou muito animada com o curso que vai me dar suporte em uma área que nunca fui treinada ou tive a oportunidade de estudar. Quero também utilizar esse espaço para discutir e divulgar a ciência como um todo. Esse prêmio significa reconhecimento, visibilidade e representatividade. Ainda que muita coisa precise ser feita para que as mulheres sejam justamente reconhecidas e respeitadas em ciência, esse é um dos caminhos. Fazer ciência, na atual conjuntura, sendo mulher é um ato de resistência. Nós, mulheres, ainda somos minoria entre todos os profissionais de ciência”, afirma Gabriela.

O programa “25 Mulheres na Ciência: América Latina”, segundo a 3M, é uma iniciativa que busca reduzir a desigualdade de gênero, incentivar o maior acesso das mulheres às disciplinas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, na sigla em inglês) e garantir maior diversidade nessas áreas. Na segunda edição, foram recebidas mais de 550 candidaturas, analisadas por um júri de destaque formado por acadêmicos, líderes e ou especialistas. Seis das 25 vencedoras são brasileiras.

Para Gabriela, como na América Latina tem uma infinidade de cientistas incríveis, passar pelas duas primeiras fases classificatórias e chegar na etapa de entrevistas já a fez se sentir uma vencedora, “afinal ficar entre as 50 mulheres cientistas da América Latina já era algo incrível”, disse.

 

“Algumas semanas depois, recebi uma ligação com o anúncio que eu tinha sido escolhida para fazer parte desse grupo de 25 mulheres, seis brasileiras, que seriam premiadas no ano de 2022. Assim que soube, liguei pros meus pais e meus irmãos pra contar. Ficamos todos muito felizes e orgulhosos com o reconhecimento”, disse.

“Estou muito animada com o curso que vai me dar suporte em uma área que nunca fui treinada ou tive a oportunidade de estudar. Quero também utilizar esse espaço para discutir e divulgar a ciência como um todo. Esse prêmio significa reconhecimento, visibilidade e representatividade”, disse.

“Devido a pandemia, não pudemos nos reunir pessoalmente para receber o certificado e o troféu, que estão sendo enviados por correio, mas participamos de uma live de premiação com todas as 25 mulheres latino-americanas”, disse

Sobre a pesquisa que lhe deu o prêmio, ela afirma que o objetivo era descobrir alguma molécula que indicasse que a pessoa está iniciando um infarto, o que torna o diagnóstico mais rápido e específico que os métodos atuais.

“Nós simulamos essa isquemia utilizando células de coração em laboratório e analisamos as proteínas e as modificações que proteínas sofrem por uma técnica chamada Proteômica. Descobrimos que tem uma proteína que ganha uma modificação, como se ela passasse a usar um acessório, após acontecer essa lesão. E, com isso, mesmo poucos minutos após ter uma pequena lesão de isquemia, é possível identificar essa proteína modificada no sangue na pessoa. Como eu trabalhava no Instituto do Coração de São Paulo (Incor) nessa época, conseguimos que alguns pacientes aceitassem a doar seu sangue para confirmarmos os resultados obtidos nas células. Depois disso passamos a desenvolver um método que pudesse medir essa proteína alterada de maneira comercial, rápida e economicamente viável. A pesquisa encontra-se nessa etapa no momento”, disse.

“Receber a premiação foi muito emocionante. Devido a pandemia, não pudemos nos reunir pessoalmente para receber o certificado e o troféu, que estão sendo enviados por correio, mas participamos de uma live de premiação com todas as 25 mulheres latino-americanas. Foi uma sensação de reconhecimento, de que alguém olhou para o nosso esforço, para todas as horas passadas dentro de laboratório, as horas de estudo, as dificuldades, e a faltas que a ciência vem encarando no país. Eu entendo que represento várias cientistas que merecem estar nessa posição e fico extremamente honrada com essa escolha”, disse Gabriela.

 

A mãe de Gabriela, Margarida Venturini da Silva, conta que a filha brincou durante a vida toda de cientista, fazia experiências com tudo que estava a seu alcance e dizia que ia ajudar muitas pessoas com o trabalho dela. Segundo Margarida, a Gabriela, mesmo adolescente, era muito centrada no que queria.

“Sempre muito ativa e centrada já ganhou outros cursos. Em Cambridge, foi selecionada para apenas 22 vagas para cientistas do mundo todo. Acho que ela representa bem Passos por todos os lugares do mundo onde passa. É muito orgulho”, afirma.

Via: Clic Folha.