BOLSONARO E LULA INICIAM 2º TURNO EM MG
As campanhas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT) já começam a se mobilizar para traçar estratégias na busca pelos votos mineiros no segundo turno. Nesta terça-feira (4), o Partido dos Trabalhadores irá se reunir tanto com os deputados eleitos quanto com os partidos coligados à sigla. O mesmo fará o outro lado, e Bolsonaro tem reuniões marcadas com aliados e com o próprio governador Romeu Zema (Novo), que já deu sinais de que irá apoiá-lo neste segundo turno.
Segundo o deputado estadual Cristiano Silveira, presidente do PT em Minas, a primeira reunião, interna, será ainda pela manhã. À tarde será a vez do encontro com os aliados. “Estamos com o olhar atento no segundo turno. Ainda não temos data certa para o Lula vir a Minas, mas vamos acertar isso amanhã (hoje)”, explica Silveira. Segundo ele, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), que coordena a campanha presidencial do partido no Estado, está vindo de São Paulo para Minas para iniciar as articulações.
Lula venceu em Minas com 48,29% dos votos, contra 43,60% do presidente Bolsonaro. Os bolsonaristas, porém, tiveram muito destaque e bateram recordes na disputa legislativa. Além de ser uma síntese do país, com regiões com características bem distintas, o Estado é o segundo maior colégio eleitoral do país, com mais de 16 milhões de eleitores aptos a votar – cerca de 10% do eleitorado de todo o país.
Bolsonaro.
A ala bolsonarista em Minas, por sua vez, pretende trazer para o debate no segundo turno os feitos de Bolsonaro no Estado. Segundo o deputado estadual, Bruno Engler (PL), nos próximos dias, ele, Cleitinho Azevedo (PSC), eleito senador, e o vereador de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira (PL) devem se reunir com Bolsonaro para traçar as estratégias a serem adotadas no Estado.
“Vamos ressaltar as conquistas que o presidente conseguiu para Minas rodando as regiões mais importantes pedindo voto de forma ativa. Vamos definir com a direção nacional onde ele vai, se vai repetir regiões ou buscar novas, mas eu, o Nikolas e o Cletinho vamos ajudar nesse segundo turno”, afirmou Engler.
Diante desse histórico, a campanha petista precisa, agora, criar estratégias para manter a vitória que teve no primeiro turno e até ampliar os votos. Segundo o levantamento feito pelo portal G1, o PT venceu em 7 regiões do Estado, enquanto Bolsonaro teve êxito em três, sendo que o atual presidente conseguiu vitória nas três cidades mais populosas de Minas, BH e Contagem, na região metropolitana, e Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
Eleição em Minas
Votação. As regiões que Lula mais conseguiu votos foram o Vale do Jequitinhonha e do Mucuri. Lá, o petista teve mais de 60% dos votos válidos. Já Bolsonaro venceu no Triângulo, Oeste e Rio Doce. Em nenhuma das regiões o atual presidente teve mais de 60%.
RMBH. A maior parte dos eleitores da região metropolitana de Belo Horizonte elegeram Lula no primeiro turno das eleições. O petista conseguiu a vitória em 22 dos 34 municípios da Grande BH. Já Bolsonaro ganhou em Belo Horizonte com 46,60% dos votos enquanto Lula teve 42,53%.
Bolsonaro tem Zema e recordistas; Lula pode mirar memória afetiva
Depois do resultado do primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro saiu fortalecido nas eleições, principalmente em Minas com as votações expressivas de candidatos bolsonaristas ao Legislativo, na avaliação do professor e consultor de marketing político Marcos Marinho. Para ele, o foco da campanha petista deve ser Minas e São Paulo, e Lula precisa resgatar o corpo a corpo.
“Zema foi eleito com uma votação de peso, tivemos o Nikolas (Ferreira) como o mais bem votado, e acaba que isso gera a impressão de crescimento da base bolsonarista. Lula vai tentar construir uma narrativa para recuperar a memória afetiva e mostrar a questão pró-democracia, mas é preciso ter apoio forte político. É até incoerente o PT estar perdendo a supremacia na base da pirâmide, ter dificuldade de conexão com essas pessoas. É preciso pessoas-chave para fazer essa interlocução”, analisa o especialista.
Regional. O cientista político Adriano Cerqueira acrescenta outro fator que pode gerar mudanças no eleitorado mineiro. Apesar de Lula ter saído vitorioso com mais de 600 mil votos de diferença, ele acredita que a disputa neste momento não será do voto útil.
“Acredito que o jogo será mais regional do que dos indecisos ou migração de votos de Ciro e Tebet. Nesse sentido, com novos deputados que assumiram a Câmara e a Assembleia, a tendência é que essas lideranças consigam angariar votos para o Bolsonaro, e o efeito Zema pode fazer diferença entre os prefeitos. Ele pagou as dívidas e antecipou pagamentos”, pontua.