HÁBITOS NOTURNOS PODEM GERAR PROBLEMAS DE SAÚDE
O psicólogo Rodrigo Aroeira Braga esclarece que “o corpo humano segue um ritmo natural conhecido como ciclo circadiano, que consiste em uma série de atividades biológicas que se repetem a cada 24 horas, regulando o funcionamento do organismo”. “Esse ciclo é influenciado pela luz do dia e pela escuridão da noite”, pontua.
Segundo o especialista, “o Homo sapiens é uma espécie diurna, adaptada para realizar suas atividades durante o dia e descansar à noite. Nosso sistema visual e a dependência da luz nos caracterizam como espécie diurna”.
Alterações
Entre os fatores que podem alterar o ritmo natural do corpo humano, levando ao comportamento conhecido como notívago, Rodrigo elenca as “mudanças de fuso horário, trabalho em turnos irregulares, privação de sono, modificações abruptas na rotina e o uso de medicamentos ou drogas”.
Outra condição que não pode ser ignorada é o avanço tecnológico na contemporaneidade, com “impactos tanto positivos quanto negativos na qualidade de vida e do sono das pessoas”. “Entre os fatores que afetam o sono nas sociedades modernas estão a luz artificial, que alterou os hábitos relacionados aos ciclos de sono e vigília; as telecomunicações, as demandas sociais e o estilo de vida ativo”, enumera o especialista.
Em relação às consequências fisiológicas de trocar o dia pela noite, Rodrigo destaca o “cansaço, a fadiga, falhas de memória, dificuldade de atenção e concentração, hipersensibilidade para sons e luz, e taquicardia”. Além disso, segundo ele, “notívagos podem ser mais propensos a desenvolver depressão e ansiedade, devido à desregulação dos ritmos circadianos”.
“A incompatibilidade com os horários sociais convencionais pode levar ao isolamento e à dificuldade em manter relacionamentos. A necessidade de ajustar constantemente o relógio biológico pode aumentar os níveis de estresse”, alerta. Nesse sentido, a própria sociedade poderia se mobilizar para diminuir os efeitos negativos sobre a vida de pessoas com tendência notívaga. O psicólogo sugere algumas mudanças e adaptações.
“Trabalhar de casa pode permitir que notívagos gerenciem melhor seus horários e aumentem a produtividade. Informar a população sobre os desafios e necessidades dos notívagos pode aumentar a compreensão e empatia. Políticas que ofereçam suporte psicológico e psiquiátrico para aqueles que enfrentam dificuldades devido aos horários noturnos são importantes. Programas educacionais que ensinem sobre a importância do sono e como melhorar a qualidade do sono podem beneficiar a todos, incluindo os notívagos. Ferramentas digitais que ajudem pessoas notívagas a monitorar e melhorar seus padrões de sono também são úteis. Implementar essas mudanças pode ajudar a criar uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para os notívagos”, sustenta.
Estratégia
Rodrigo também oferece algumas estratégias que os próprios notívagos podem utilizar, como, por exemplo, “ajustar os horários para passar um tempo com amigos e familiares”. No caso de estar lidando com “problemas de humor e ansiedade”, ele aconselha procurar um psicólogo.
“A prática regular de exercícios pode melhorar a qualidade do sono, mas é melhor evitar atividades intensas perto da hora de dormir. Usar filtro de luz azul nos aparelhos eletrônicos é indicado. Manter uma dieta equilibrada e beber bastante água durante o dia é importante, mas é recomendável limitar a ingestão de líquidos e refeições pesadas antes de dormir, para evitar interrupções no sono”, afiança o especialista.
Hábitos notívagos podem exigir o uso de medicamentos
Em alguns casos, o comportamento notívago pode exigir o uso de medicamentos, como quando há comprometimento da saúde física e mental, afetando diretamente a qualidade de vida da pessoa.
“O sono desempenha um papel crucial em várias funções biológicas, como a consolidação da memória, a visão binocular, a regulação da temperatura corporal, a conservação da energia, além da recuperação do metabolismo energético do cérebro”, salienta o psicólogo Rodrigo Aroeira Braga.
De acordo com o especialista, “devido a essas funções essenciais, distúrbios no sono podem causar mudanças significativas no funcionamento físico, ocupacional, cognitivo e social de uma pessoa, comprometendo seriamente sua qualidade de vida”, arremata.