BANDIDOS SE PASSAM POR POLICIAIS PARA APLICAR GOLPES
Mostrando que os criminosos sempre estão se reinventando, um novo golpe por meio do celular está sendo aplicado em Minas Gerais. Dessa vez, os golpistas se passam por policiais militares para transmitir credibilidade e enganar as vítimas.
Golpes por meio de celular se enquadram no crime de estelionato virtual e é caracterizado por ações que visam obter vantagem ilícita e prejuízo alheio por meios fraudulentos. Para isso, os estelionatários utilizam de uma infinidade de formas que o golpe pode ter: ligações simulando sequestro de um familiar, oferta de bens, promoções falsas, etc.
“Essa estratégia usando a imagem da Polícia Militar é bem engenhosa, porque você tem uma figura de autoridade de um lado e pessoas mais vulneráveis de outro lado.”, declara o advogado especialista em direito criminal, Wallison Rosse.
O criminalista orienta as pessoas que caírem em golpes virtuais a registrar o boletim de ocorrência na Polícia Militar e avisar as pessoas próximas para que não haja mais danos. Ele explica ainda que, embora seja difícil, há a possibilidade de reaver os valores perdidos juridicamente.
“Quando você entra com uma ação judicial, a justiça pode determinar o bloqueio daquela conta (utilizada pelos estelionatários) para que tenha uma penhora de eventual valor. O problema é que às vezes aquela conta ela nem é mais utilizada ou está vazia”, explica.
Procurada pela reportagem, a PM explicou que os infratores utilizam de vários pretextos para enganar as vítimas, por isso alerta para que as pessoas não repassem nenhuma informação solicitada pelos golpistas e que acionem, imediatamente, a corporação por meio do 190.
Além disso, a instituição informa que iniciou a campanha “Se deu dúvida, é golpe!”. O objetivo é “chamar a atenção e conscientizar a população mineira, principalmente os idosos, sobre a atuação de criminosos que utilizam a internet para aplicar os mais diversos golpes de estelionato, como pix errado, promoções tentadoras, falsos atendentes de bancos, cupons de descontos e boletos falsos”.
Casos de estelionato aumentam em MINAS
Segundo o Anuário de Segurança Pública de Minas Gerais, divulgado em setembro, houve um aumento substancial das ocorrências de estelionato, sobretudo após 2015. Este fato estaria relacionado à possibilidade de aplicação do crime por meios virtuais. Segundo o documento, 56,3% dos autores do crime são homens. Já em relação às vítimas, 49,2% são mulheres e 48,1% homens. Sobre a cor da pele, 41,4% das vítimas são pretas ou pardas e 39,8% são brancas. Dados da PCMG mostram que, entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados 79.869 ocorrências de estelionato digital em todo o estado – um aumento de 25% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando registrou 63.710 casos. A expansão em Belo Horizonte é ainda mais significativa. De 5.579 registros em 2023, a ocorrência desse crime mais que dobrou em 2024, saltando para 12.272 ocorrências: uma alta de quase 120%.