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AGRESSÃO CONTRA CRIANÇA AUTISTA SERÁ INVESTIGADA

A Delegacia de Crimes contra a Pessoa, de Pouso Alegre (MG), apura uma suposta agressão a uma criança em uma escola particular da cidade. A mãe da criança prefere não ser identificada. Segundo ela, o filho foi agredido no corredor da escola. Ele tem autismo grau três e por isso não fala. A família teve conhecimento do caso através de uma funcionária da escola que disse ter visto tudo.

“Ela me relatou, que na quinta-feira, por volta 14h30, o meu filho tava andando pelo colégio nas ‘beiras’ da escola. E ele tem uma sala que é na parte da manhã e tem uma outra sala na parte da tarde. E essa sala que ele tava entrando é a sala que ele ficava de manhã e nisso ele quis pegar um brinquedo. Foi quando a professora falou: ‘não, não vai pegar’. E ele tem dificuldade em ouvir o não, mas ele é uma criança assim muito amorosa, muito tranquila. E nisso quando ela falou não, ele foi pra puxar o cabelo dela né? E logo na sequência ela foi e puxou ele pelo cabelo até no chão. Assim, segurando ele até no chão por alguns segundos com a mão no cabelo dele, as duas mãos. E com a mão no cabelo dele ela falava ‘é assim que você tem que fazer’ pra outra monitora que tava do lado que foi quem me relatou tudo”, contou a mãe.

A mãe entrou em contato com a Polícia Militar, que registrou um boletim de ocorrências. Segundo o documento, a professora que teria cometido a agressão, afirmou que a criança teria ido a uma sala onde os alunos não podem ficar sozinhos. Ela explicou a situação para o menino, momento em que por um descuido dela, a criança a ateria agarrado pelos cabelos e que como ela usava uma ‘piranha’, passou a machucar. Ela então segurou a criança pela cabeça e a abaixou até que ela soltasse. Relatou ainda que o garoto, por ser autista, é acompanhado por uma outra funcionária que chegou depois no local.

A mãe da criança teve acesso a um vídeo gravado por uma câmera de segurança do colégio. As imagens não mostram, mas, segundo ela, a agressão teria ocorrido atrás de uma portinhola.

Segundo o advogado que representa a família, o entendimento é que a agressão aconteceu.

“Olha, a gente tem de maneira nítida a agressão. A professora segurou a criança pelo cabelo, levou ao chão e ali permaneceu por quase 30 segundos. É irrefutável que houve ali a agressão”, disse o advogado Marcus Mendes.

Após o episódio, a escola emitiu um comunicado informando aos pais que uma sindicância interna foi aberta para apurar os fatos. Ainda segundo o texto, a professora não era responsável direta do aluno e que ela não cometeu nenhum ato de agressão contra a criança. Procurada, a direção do colégio não quis gravar entrevista.

A família da criança teria recebido um pedido de transferência para que o aluno fosse para outra instituição.

“Inclusive me falaram da multa de contrato, é por telefone isso. Falando: ‘ah, mas eu tenho que ver porque ele usa apostila adaptada, às vezes eu consigo tirar a multa pra você’. Então assim, nisso eu fiquei desesperada. Porque, assim, meu filho agora não tem escola, ele já está há uma semana em casa com crises de ansiedade, ele pega a mochilinha querendo ir pra escola”, disse a mãe.

“Não consegue medir o tamanho desse dano. Nós estamos falando de uma criança portadora de um autismo de grau elevado não verbal, Então isso vai demandar uma busca pelo quanto de dano houve”, completou o advogado.

Em nota, o Colégio Vale do Sapucaí afirmou que abriu uma sindicância interna para apurar o ocorrido. Disse também que a unidade não emitiu a transferência para o aluno e que nesse caso, foi a família que pediu o formulário de transferência. O colégio reforçou que o aluno continua matriculado na escola.

Já a professora envolvida no caso, em nota, disse que não houve nenhuma agressão e que a única ação dela foi se abaixar e segurar o aluno para evitar que ele arrancasse o cabelo dela. Ela disse que em nenhum momento houve qualquer atitude violenta ou desproporcional e que está à disposição para colaborar com o processo investigativo.