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ALPINÓPOLIS REVIVE A PAIXÃO DE CRISTO NO MONTE DAS OLIVEIRAS

Em Alpinópolis a fé ganha forma em um dos maiores cenários bíblicos do Brasil. É no Monte das Oliveiras, que recriam passagens do Velho e do Novo Testamento, que a cidade revive a Paixão de Cristo. Neste ano, a encenação se une a outro momento marcante: a reinauguração do cruzeiro da Serra da Ventania, símbolo histórico e espiritual que mobilizou milhares de fiéis em uma procissão de fé e pertencimento.

Paixão de Cristo

Com cerca de 90 mil m², o Monte das Oliveiras é considerado um dos maiores espaços bíblicos do Brasil e abriga dezenas de monumentos que recriam passagens do Velho e do Novo Testamento.

É nesse cenário que, ao cair da tarde, o Grupo de Teatro do Oprimido Monte das Oliveiras (GTO-MO) apresenta uma releitura poderosa da Paixão de Cristo, entrelaçada a temas contemporâneos como a polarização social, a busca por justiça e os valores universais dos Dez Mandamentos.

O grupo, formado por moradores da própria cidade, reúne famílias inteiras – pais, filhos e irmãos – que participam juntos da produção. O espetáculo chega à sua 22ª edição com meses de preparação e ensaios intensivos.

Sob direção de Lília Bueno e dramaturgia de Zgê Geraes, o espetáculo reúne cerca de 100 atores e convida o público a refletir sobre o tempo presente, sem perder de vista a essência da fé.

Neste ano, o cenário ganhou uma novidade: um telão de grandes proporções, instalado ao fundo do palco, exibe imagens que acompanham em tempo real as cenas representadas.

Durante o momento em que o inferno é retratado, por exemplo, o telão projeta chamas, criando uma atmosfera ainda mais imersiva para o público.

Montado em uma área de aproximadamente 5 mil metros quadrados, o espaço recria o ambiente da época em que Jesus viveu, proporcionando ao espectador uma experiência de imersão histórica.

A edição deste ano propõe uma reflexão sobre as contradições sociais da humanidade a partir da história de Jesus Cristo.

Segundo Lília Bueno, coordenadora do grupo de teatro responsável pelo espetáculo, a proposta é manter a essência da narrativa bíblica ao mesmo tempo em que se estabelece um diálogo com os dias atuais. Ela explica que o paradoxo está presente em comportamentos cotidianos: pessoas que afirmam seguir os ensinamentos de Jesus, mas cujas ações demonstram o contrário.

“A peça é ‘Cinzas e Paixão: Paradoxos de um Povo’ que é aquilo que às vezes a pessoa fala uma coisa, mas na prática é outra. Então isso é paradoxo. A pessoa, às vezes pregar Jesus, adesivo de Jesus no carro, mas nas práticas são outras coisas. Então isso é paradoxo”, explica.

A construção do cenário também envolve esforço coletivo. Elementos são criados dias antes da apresentação, com escavações e adaptações feitas especialmente para o evento. A luz natural é parte essencial da estética do espetáculo, contribuindo para a emoção das cenas finais.

“É muito ensaio. São ensaios intensivos, montar cenário. Então aquele lago a gente não tem. A gente faz no dia, na semana que a gente cava o buraco, faz toda a preparação. Agora a gente vai fazer os últimos retoques no cenário. Então é um conjunto assim, todo mundo ajudando para entregar o produto final”, comenta Lília.