ALPINÓPOLIS VOLTA A CELEBRAR MISSA NA GRUTA
A principal celebração religiosa no dia de Nossa Senhora Aparecida voltou a acontecer como era antes da pandemia de Covid-19 em Alpinópolis (MG), em um ponto turístico considerado um dos cartões-postais do município, em meio à natureza. Foi a missa solene próximo da cachoeira na gruta que leva o nome da rainha e padroeira do Brasil, com a participação de milhares de fiéis católicos, principalmente os devotos à santa mais popular do país.
O local fica no bairro Jardim Panorama, ao lado da rua Nossa Senhora Aparecida, e que dá acesso à região rural do Pacheco. A réplica da imagem conhecida desde quando foi encontrada por três pescadores em 1717 no rio Paraíba do Sul, em Aparecida (SP), foi transladada até um altar improvisado bem ao lado da capelinha. Dias antes do evento, funcionários da prefeitura promoveram a roçada da vegetação e como não há energia elétrica na gruta, a paróquia São Sebastião arcou com as despesas do aluguel de um gerador que proporcionou o uso de microfone e equipamentos sonoros para o presidente da celebração, aclamadores das leituras e o ministério de música.
Uma multidão, que segundo o pároco Reginaldo da Silva, pessoas ligadas diretamente à promoção de acontecimentos sociais, culturais, artísticos e esportivos, contabilizaram mais de 3.500 fiéis católicos participantes da missa campal. Em seguida, a procissão com a imagem da santa à frente foi levada até a igreja matriz onde o padre promoveu a benção comunitária e os devotos tiveram a oportunidade de agradecer e pedir graças.
“Foi emocionante. Pela primeira vez participei de tudo isso nesse 12 de outubro, que se tornou tradicional na cidade há anos. Em razão dos dois anos sem a celebração por causa da pandemia, a impressão significativa da frequência do público superou as expectativas. Senti e vi de perto o fervor do povo para com a santa. O único acesso até a gruta é por uma extensa escadaria ladeira abaixo, mesmo assim, muitos idosos, até doentes, de um jeito ou de outro, foram rezar lá perto da capelinha, como se fossem jovens e estivessem bem de saúde”, contou o pároco.
Completando a programação do dia dedicado à Nossa Senhora Aparecida, o vigário Lucas Muniz celebrou, às 10h, a missa especial para as crianças, e às 19h, mais uma vez foi o padre Reginaldo que presidiu o rito litúrgico.
A GRUTA
Foi no início do ano de 1899 que surgiram os primeiros rumores sobre o suposto aparecimento de uma santa na cidade. A notícia correu rapidamente, trazendo romarias de várias partes de Minas Gerais e de outros estados, vindo em busca de curas milagrosas. A matéria veiculada na época pelo jornal Gazeta de Passos, edição datada de 18 de março de 1899, trazia as informações sobre esse fenômeno que agitou o arraial, então com cerca de cinco mil habitantes.
Em 18 de julho de 1899 chegou a Ventania (hoje Alpinópolis) o vigário José Paulino de Andrade, enviado pela Diocese de São Paulo, para verificar de perto os supostos fatos extraordinários que estavam acontecendo no arraial. O visitante registrou nos Livros do Tombo, o seu encontro com o povo há quase duas léguas do povoado. Padre José Paulino relatou ainda ter se hospedado na casa de dona Mariana Carolina Figueiredo, a quem se referiu como uma ‘respeitabilíssima matrona’. Nada deixou registrado sobre os acontecimentos na gruta.
Em 1948 novos rumores de outro aparecimento surgiram em Alpinópolis. Dessa vez, onde a tinha ocorrido a suposta aparição, era um buraco com diâmetro de pouco mais de 40 centímetros, por três de comprimento, fazia uma curva à direita, num barranco de dois metros de altura, frente a uma embaúba, na saída do Pacheco, hoje, imediações do bairro Jardim Panorama.
O alpinopolense e historiador José Iglair Lopes, falecido em 2002, na época um menino com 13 anos, curioso, não deixou de averiguar os comentários mais recentes sobre o fenômeno, de que uma estrela podia ser vista no local. Porém, de acordo com seu relato, não se via exatamente uma estrela, e sim uma roseta de espora.
A igreja católica, prudentemente, nada manifestou sobre os rumores desse suposto aparecimento. O pároco da cidade, estava tão ocupado com a inauguração da nova igreja matriz em 1949, não foi ao local, dando o caso por encerrado como antes já havia acontecido na gruta.