BRASILEIROS EM BEIRUTE CONTAM SOBRE EXPLOSÃO
O brasileiro Luiz Felipe Czarnobai, de 34 anos, estava em seu apartamento próximo ao porto de Beirute com seus três filhos e a babá das crianças quando viu a explosão que atingiu a cidade nesta terça-feira. O incidente deixou pelo menos 80 mortos e mais de 4 mil feridos até agora.
“Quase todas as janelas do meu apartamento vieram abaixo”, conta Luiz Felipe. Seu filho mais velho, de 9 anos, estava próximo à janela quando viu a explosão e gritou o nome da babá, Welet Tekle.
“Eu estava a três metros e gritei ‘corre'”, conta Luiz Felipe. “Welet foi nossa heroína, depois que gritei, foi ela que puxou meu filho Gustavo, de 9 anos, e os salvou dos estilhaços da explosão”.
“Eu só vi uma luz forte vindo em direção à janela da sala, ouvi um barulho enorme e o vidro [da sala] quebrando.”
O brasileiro entrou pegou os dois outros filhos mais novos, que estavam em outro cômodo, e se escondeu debaixo da cama com os filhos e a babá.
“Ficamos debaixo da cama durante uns 20 minutos, esperando meu marido chegar”, conta. Seu marido, também brasileiro, estava em outro prédio cujas janelas também foram danificadas e machucou a mão de leve. Após a explosão ele foi correndo para casa.
“Eu estava com meu celular e consegui ligar para meu marido e dizer que a gente estava bem”, conta.
Quando saiu de baixo da cama, Luiz Felipe viu que quase todas as janelas do apartamento — no 21º andar do prédio — estavam quebradas.
Fumaça rosa
A brasileira Isabella Hijazi, de 20 anos, que mora a cerca de três quilômetros do porto de Beirute, diz que tomou um susto enorme com a explosão.
Isabella mora a dez minutos do porto e estava em casa vendo séries quando sentiu o chão tremer violentamente.
“Do nada começou a tremer o chão da minha casa, eu achei que era um terremoto”, conta. “As janelas tremeram e abriram, minha cortina voou para dentro de casa, quase tive um ataque do coração. Então olhei pela janela e vi uma fumaça rosa”, conta a estudante brasileira de Foz do Iguaçu, que mora há 3 anos no Líbano. “Diversas janelas nos prédios em volta quebraram”.
Ela disse que chegou a pensar que pudesse ser um ataque terrorista, devido ao histórico de ataques politicamente motivados no país, mas achou a cor da fumaça estranha.
“Fiquei desesperada e liguei a TV. Primeiro ninguém estava sabendo o motivo, depois falaram sobre a possibilidade de ter sido uma explosão num carregamento de contêineres com fogos de artifício.”
Isabella não saiu para a rua. “[As autoridades] deram instruções para a gente ficar em casa até que as coisas fiquem mais calmas”, conta. “Aqui ninguém se machucou, graças a Deus”, diz ela, que mora no mesmo prédio que seus primos libaneses.
A brasileira Lia Vicentin, de 34 anos, que mora a 7 km do porto, estava passeando com o gato na área comum no térreo do prédio quando ouviu a explosão.
“Senti o chão tremer e dois segundos depois todas as portas de vidro da recepção quebraram”, conta. “Eu e o porteiro ficamos chocados e vimos pessoas saindo dos prédios e perguntando o que estava acontecendo.”
Quando subiu para seu apartamento, foi que Lia viu a fumaça vindo do porto. “E o prédio tremeu muito, chegou a arrebentar a porta da minha casa.”
“Imagina que a gente está a 7 km do porto, então foi muito forte mesmo”.
Outra brasileira no país, a guia turística Carla Mussallam Al Masri, de 53 anos, estava ainda mais longe: a 35 quilômetros de distância do local da explosão.
“Eu estava de folga, na praia. Estava longe, mas ouvi o barulho da explosão. Achei que fosse uma bomba em Beirute. Liguei para minha filha, que estava dando aula no momento. Mas ela estava bem”, conta.
A filha de Carla, a professora de ginástica Yasmin Mussallam Al Masri, de 22 anos, estava a cerca de 10 minutos da região portuária de Beirute.
“A porta do prédio começou a bater. Achamos que era alguém batendo. Mas logo depois tudo tremeu e as janelas começaram quebrar”, conta.
Via BBC NEWS BRASIL