CONHEÇA A HISTÓRIA DA SANTA CASA DE PASSOS
Em 13 de julho de 1859 a Câmara de Passos tomou conhecimento da ocorrência do surto de “bexigas” da Freguesia de Carmo do Rio Claro, que pertencia a Passos.
A Santa Casa de Misericórdia de Passos tem sua história entrelaçada ao nome do Major Jerônimo Pereira de Mello e Souza, conhecido como o Barão de Passos.
Em 13 de julho de 1859 a Câmara de Passos tomou conhecimento da ocorrência do surto de “bexigas” da Freguesia de Carmo do Rio Claro, que pertencia a Passos. Portanto, a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Passos está mergulhada na crise da epidemia de bexigas, ou “peste das cataporas” que assolou a região entre 1859 e 1863, tornou-se grave em 1862 e acabou gerando o pânico quando atingiu o centro da cidade. Aí, as lideranças da cidade de Passos se mobilizaram, para dotar a cidade de um hospital que, na verdade, teria a dimensão de hospital regional já pois nas redondezas não havia qualquer outra casa de saúde.
Em 16 de outubro de 1861 a Assembleia Provincial de Minas Gerais sancionou a Lei no 1115, criando um Hospital de Caridade em Passos. A iniciativa era exatamente de Jerônimo Pereira de Mello e Souza que usou de sua influência para pressionar os Deputados Provinciais. A lei estabelecia condições em seu artigo 3o: “O dispositivo na presente Lei, só terá efeito, depois que o cidadão Jerônimo Pereira de Mello e Souza tiver realizado sua promessa de doar em edifício adotado aos fins da Instituição, e com os precisos móveis e utensílios no valor de doze contos de réis e bem assim dotar o estabelecimento com um fundo de oito contos de réis que serão postos a prêmio em benefício da Casa”.
A Santa Casa foi instalada no sobrado residencial que ficava na rua das Flores, esquina do Beco do Padre Cintra (hoje R. Cel Neca Medeiros, esquina com Rua dos Maias). O Hospital foi inaugurado em 16 de abril de 1865, já então denominado de Santa Casa de Misericórdia.
Em Passos, a irmandade se organizou em torno de um “Projeto de Compromisso” (uma espécie de certidão de nascimento) elaborado em 1864. A Irmandade, vinculada ao culto de Nossa Senhora das Dores a quem teve seu nome ligado, mereceu aprovação eclesiástica através da Provisão do Bispo de São Paulo, D. Sebastião Pinto do Rego, datado de 8 de novembro de 1864.
No tempo dos “mordomos”
A Irmandade era a Instituição que mantinha o Hospital, na época de sua criação. Sua primeira fonte de recursos foi a boa doação do casal Mello e Souza no valor de vinte contos de réis, dos quais doze representavam o valor do edifício e instalações e os oito restantes em dinheiro que deveria ser aplicado em “apólices da dívida pública” ou outra forma de aplicação servindo os juros ou “a renda” para o custeio do Hospital. Eram valores altíssimos para a época. Mas as rendas eram insuficientes para o custeio do funcionamento do Hospital.
Por isto, além das esmolas e donativos eventuais, o Compromisso previa um sistema para gerar rendimentos: a contribuição dos irmãos, muito semelhante ao sistema de “sócio contribuinte”, com pagamento de “jóia” e “anuidades”; e o sistema dos Mordomos. Durante o mês de sua Mordomia, o mordomo deveria sair (ou mandar sair) com a Bolsa da misericórdia todos os domingos, recolhendo esmolas. Ou remeter do próprio bolso um donativo que não poderia ser menos que 2500 réis.
O sistema de Modomia acabou sustentando rigorosamente toda a despesa de funcionamento do Hospital, especialmente entre 1883 e 1904, ano em que foi inaugurado o novo edifício, iniciando também uma nova fase da própria instituição. Sabe-se, também, que na maioria destes anos de crise, os medicamentos utilizados na Santa Casa foram doados pelo Tenente Vasconcelos(Joaquim Rodrigues de Vasconcelos).
Se isso foi suficiente até o início do século passado, as mudanças do conjunto da sociedade e o aumento da população foram tornando essas formas de manutenção inviáveis. Para se ter uma ideia, no relatório de 1899 consta a internação de 159 pacientes no ano anterior. O relatório de 1917, dá conta de 347 internações. Hoje, são realizadas em torno de 15 mil por ano, com tratamentos sofisticados e custos hospitalares elevados.
As Irmãzinhas na Santa Casa
As irmãs da Divina Providência eram as administradoras e gestoras do hospital até o ano de 1917, quando foram substituídas pela Irmãnzinhas da Imaculada Conceição, cuja fundadora foi Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, Santa Paulina, que esteve por três vezes em visita a Santa Casa. A congregação entregou a administração do hospital, em 1969, e o gerenciamento dos serviços de enfermagem, em 1972. Hoje desempenham um papel importante no Departamento de Assistência Religiosa e colaboram na Humanização Hospitalar.