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DENGUE FAZ REPELENTES “SUMIREM” DAS PRATELEIRAS

O aumento na procura por repelentes contra mosquitos tem feito o produto sumir das prateleiras em farmácias e drogarias de Passos (MG). Em alguns estabelecimentos, os estoques começaram a zerar desde o início da semana passada, ou estão perto de acabar. Nas distribuidoras, a escassez de repelentes tem causado demora na reposição para o varejo.

Desde o início do ano, as vendas de repelentes no país aumentaram quase 50% em relação a janeiro de 2023, segundo pesquisa realizada pela Nilsen IQ, e o faturamento de empresas que fabricam os produtos chegou a dobrar no período. Os preços também têm subido.

Para o empresário e farmacêutico César de Paula Maia, com a alta na procura e aumento nas vendas, as distribuidoras têm enfrentado problemas como a demora na entrega de repelentes para reposição.

“As vendas dispararam em fevereiro, assim como no ano passado, quando tivemos alta nos casos da dengue. Nos anos anteriores, o investimento foi apenas na reposição dos produtos, mas neste ano, as distribuidoras estão em falta”, afirma.

De acordo com Hamilton de Oliveira, farmacêutico e gerente de um estabelecimento em Passos, devido ao aumento na procura e problemas no abastecimento por parte das distribuidoras, empresas têm apontado falta também na matéria prima.

 “Por enquanto, não deram previsão para volta e melhoria no estoque. Estão falando que é por falta de matéria prima para a fabricação dos repelentes, ou seja, o que se tem de matéria prima não está suprindo a demanda”, afirma Halmiton.

Em relação ao ano passado, segundo o gerente, a procura e as vendas aumentaram porque o surto da doença está maior em 2024, com mais casos prováveis.

Segundo Kelly Roberta, gerente de uma farmácia em Passos, o prazo de entrega dos repelentes por parte das distribuidoras subiu de 48 horas para quase duas semanas.

“Os produtos estão chegando com um prazo mais longo, temos que fazer pedidos antecipados e aguardar entre seis e doze dias para a entrega. A falta mesmo está nos produtos que contém icaridina, que são os mais procurados pela população”, disse.

Consumidores

Com o aumento na demanda, consumidores apontam que os preços também subiram e que está difícil encontrar os produtos. “Fui comprar repelente para minha neta e não encontrei o infantil, só encontrei no outro dia”, afirma a dona de casa Vera Mello.

O estudante Maico Machado diz que a família dele costuma comprar, periodicamente, repelentes contra insetos, mas, com a explosão dos casos de dengue neste ano, a procura e o uso dos produtos têm se intensificado.

“As pessoas ficam com medo de serem vítimas do mosquito e acabam se prevenindo dessa forma, comprando os repelentes”, afirma

Produtos naturais ou caseiros podem ser alternativa, mas exigem cuidados

Outra opção para se prevenir contra os insetos são os chamados repelentes naturais, ou caseiros, feitos à base de álcool e produtos como óleo de amêndoas, cravo da índia, citronela, ervas e o uso de incenso ou da queima do pó de café, por exemplo, para afugentar os mosquitos.

Farmacêuticos apontam que os naturais não substituem os industrializados e que é preciso ter cuidados para evitar riscos de alergia ou irritação.

De acordo com o farmacêutico César de Paula Maia, os repelentes caseiros não substituem os industrializados, mas podem ser usados em caso de falta de produtos nas farmácias.

“Na falta de repelente industrializado, pode ser feito repelente caseiro, a base de álcool, óleo de amêndoas e cravo da índia, é um produto emergencial e não substitui o industrial”, orienta César.

A farmacêutica Vanessa Gomes afirma que os repelentes industriais são feitos à base de icaridina e que os consumidores devem ficar atentos à composição no momento da compra.

“Para os repelentes industriais serem eficazes, combater de fato a aproximação dos mosquitos, a recomendação da OMS é que neles tenha um produto denominado como icaridina. Dependendo da farmácia, você encontra o próprio produto como repelente para venda”, afirma.

Segundo ela, os produtos naturais também podem ser usados. “Acredito muito nos repelentes caseiros e naturais, aqueles que são feitos com citronela, cravo, canela e outros ingredientes. As receitas podem ser encontradas na internet e são eficazes”, afirma. Ela indica o uso de produtos como incensos. “A fumaça distancia os mosquitos”, diz.

A também farmacêutica Cristina Perez aponta que a eficácia dos repelentes depende de pessoa para pessoa e que os consumidores devem ficar atentos com os riscos de alergia ou irritação, tanto em produtos industrializados como os naturais.

“As pessoas costumam usar citronela, lavanda e cravo da índia. São altamente eficazes também, mas a eficácia varia muito de pessoa para pessoa, é preciso ter uma atenção nisso. Tanto os industriais quanto os naturais, a pessoa deve testar e ver se a pele absorve bem, para não acontecer de dar alergia ou irritação”, explica Cristina.