GASOLINA PODE FICAR MAIS BARATA
A gasolina vendida pela Petrobras pode ficar mais barata na próxima semana, após o preço do barril de petróleo despencar de US$ 96,55 para US$ 84,02 em menos de 10 dias. Um dos motivos desta queda, segundo o Observatório Social do Petróleo, foi uma produção acima do esperado do produto nos Estados Unidos. Além disso, a Rússia retirou parte da proibição às vendas de diesel para os mercados externos, flexibilizando parte das restrições implementadas no mês passado. As duas situações impactam o mercado internacional e podem ter reflexo aqui no Brasil.
Com a queda no preço do petróleo, o valor do litro da gasolina no Brasil passou a ser R$ 0,01 maior do que o praticado no mercado internacional desde a última quarta-feira (4), segundo dados divulgados pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Já o litro do combustível nas refinarias privadas está R$ 0,04 acima do valor no mercado externo. E é nesse cenário que o preço da gasolina pode cair nos próximos dias no Brasil.
“Eu acho que sim, o barril de petróleo vinha de quatro semanas seguidas de alta. Aí, como ocorreu uma queda grande do valor nos últimos dias, acho que o preço pode cair sim na próxima semana”, afirma Eric Gil Dantas, economista do Observatório Social do Petróleo. Segundo ele, apesar da Petrobras ter abandonado em maio deste ano a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), a estatal ainda toma decisões em conexão com o valor do petróleo no mercado externo.
A Petrobras não altera o preço da gasolina no país há 52 dias, depois de uma elevação de 16,2% no dia 16 de agosto. Geralmente, a empresa anuncia mudanças nos preços dos combustíveis às quintas-feiras.
Na semana passada, quando o barril de petróleo chegou bem perto dos US$ 100, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a empresa tem condições de “aguentar desconforto” e poderia manter os preços dos combustíveis no patamar atual por mais um tempo, apesar da escalada das cotações internacionais do petróleo.
O litro da gasolina vendida nos postos do país custa R$ 5,80, em média, segundo a Petrobras. Em Minas, o preço médio do combustível está em R$ 5,61.
Diesel
Enquanto a gasolina vendida pela Petrobras está mais cara do que o valor do mercado internacional, o diesel está 6% em média mais barato internamente do que no Golfo do México, região usada como parâmetro para a comercialização do combustível pelos importadores brasileiros.
Assim como ocorreu com a gasolina, o último aumento do diesel foi no dia 16 de agosto. Na época, o combustível ficou 25,8% mais caro.
Mas como o diesel no Brasil está com o valor abaixo do mercado externo, a possibilidade de uma redução de preço pela Petrobras nesta situação é bem menor do que no caso da gasolina. O valor médio do litro do diesel no país está em R$ 6,22. Em Minas, o preço médio é de R$ 6,16, segundo a estatal.
No entanto, uma boa notícia para os consumidores de diesel é a perda da validade da medida provisória, que autorizava a volta da cobrança de PIS e Cofins sobre o combustível em setembro.
Como a MP caducou, os impostos federais deixarão de ser cobrados neste ano e só voltarão no ano que vem. Sem os dois tributos, o valor do litro do diesel deve ficar R$ 0,11 mais barato nas bombas.
Venda de diesel no Brasil bate recorde em agosto
A venda de diesel no Brasil bateu recorde em agosto, registrando a maior oferta da última década. No mesmo mês em que o mercado nacional alertou para o risco de escassez de diesel, as distribuidoras de combustíveis do país comercializaram 6.092.657 m³ de S-10 e S-500, um crescimento de 7% em comparação a agosto de 2022.
O levantamento do Observatório Social do Petróleo mostra ainda que a venda nacional de diesel vem crescendo desde junho. Os dados também apontam que, em agosto passado, o litro do diesel fornecido pela Petrobras às distribuidoras ficou 18% abaixo do Preço de Paridade de Importação (PPI).
O estudo é baseado nas últimas informações atualizadas da série histórica da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre a venda de diesel das distribuidoras, que começou a ser registrada em janeiro de 2013.
“Provavelmente, a oferta de diesel no país é um recorde histórico já que antes de 2012 o consumo desse combustível era muito menor do que é hoje”, avalia o economista Eric Gil Dantas.
Segundo ele, os números contrariam o cenário divulgado pelo mercado de combustíveis de que havia risco de faltar diesel no país nos últimos meses, principalmente em agosto.
“Enquanto diziam haver uma crise de desabastecimento por conta da defasagem do preço do diesel vendido pela Petrobras – o que forçou a estatal a reajustar o preço do produto em 15 de agosto -, o cenário era exatamente o oposto, batíamos recorde de venda por parte das distribuidoras”, argumenta Dantas.
Principal fornecedor
O levantamento indica ainda que a Petrobras foi responsável pelo fornecimento de 73% do diesel comercializado pelas distribuidoras em agosto. Nos sete primeiros meses deste ano, esse percentual foi de 78%.
“Isso comprova que o mercado funcionou normalmente e, apesar da diferença de preços entre Petrobras, refinarias privadas e importadoras, a oferta de diesel não foi garantida única e exclusivamente pela estatal. Inclusive, no mês de agosto, a Petrobras teve um peso menor no fornecimento de diesel do que tem historicamente”, afirma o economista.