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MENOS DE 3% DOS ALUNOS DEVEM VOLTAR ÀS AULAS EM MINAS GERAIS

Das 3.590 escolas da rede estadual em Minas Gerais, apenas 279 estão aptas a iniciarem as aulas semipresenciais no próximo dia 21. Segundo a Secretaria de Estado de Educação (SEE), só 49 mil de 1,7 milhão de estudantes da rede podem voltar às salas de aula – o que representa 2,8%. É que, para retomarem as aulas nas escolas, as cidades precisam estar na Onda Amarela ou Verde do Minas Consciente e, ainda, ter o aval da prefeitura – somente as regiões Vale do Aço e Triângulo Norte estão nessa classificação atualmente.

Para Ana Maria Saraiva, professora da Faculdade de Educação da UFMG, mesmo nas localidades que permitiram o retorno semipresencial das aulas, o processo não tem sido democrático e pode acirrar ainda mais as desigualdades escancaradas pela pandemia. “Entendemos que agora não seria o momento do retorno e, na maioria dos municípios, os trabalhadores nem tomaram a primeira dose. Mesmo em Belo Horizonte, temos acompanhado uma frequência baixa de alunos nas atividades presenciais, com salas de 30 crianças em que só cinco voltaram”, enfatizou.

Conforme a especialista, toda uma comunidade escolar é mobilizada, e poucos são beneficiados. “O ritmo de vacinação ainda é pequeno, restrito a alguns grupos e por idade, principalmente no caso dos professores. Mesmo com um retorno, o medo dos pais ainda é grande. Imagina um professor na escola com uma criança e outras 20 em casa sem ensino remoto”, questionou.

A coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Denise de Paula Romano, diz que, além da vacinação em ritmo lento, a falta de estrutura das escolas estaduais é outro impasse que dificulta o retorno. O cenário é tão grave que um estudo elaborado pela entidade mostrou que das 3.590 escolas do Estado, 1.027 nem sequer possuem banheiro para os funcionários. Além disso, 900 não têm refeitórios.

A Secretaria de Estado de Educação informou que disponibilizou recursos para preparação e eventuais obras nas escolas. Desde o início do ano, diz, foram repassados mais de R$ 60 milhões para a compra de insumos e outros R$ 90 milhões para manutenção e pequenos reparos, como pintura e troca de torneira.

Na última quinta-feira (10), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) não atendeu o pedido do Sind-UTE para impedir que o governo retomasse as atividades semipresenciais com restrição de alunos e permitiu o retorno gradual a partir do dia 21 de junho para o ensino fundamental. Na segunda (14), os profissionais voltam para as escolas para planejar as aulas dos alunos entre o primeiro e o quinto ano.

Via O Tempo