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MG ESTÁ ENTRE OS MAIORES PRODUTORES E EXPORTADORES DE MEL

Além de ser o maior produtor de queijo e café no Brasil, o estado de Minas Gerais é também um grande produtor e exportador de mel. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, Minas produziu mais de 6,9 mil toneladas de mel, ficando em quarto lugar entre as maiores produções do país, atrás apenas de Paraná (8,5), Piauí (8,8) e Rio Grande do Sul (9,1). Segundo dados da Emater, de toda essa produção, a agricultura familiar responde por cerca de 80% do mel e aproximadamente 70% do própolis.

Só neste ano, de janeiro a setembro de 2024, o Estado exportou 5 mil toneladas, movimentando US$ 14,2 milhões, sendo o segundo maior exportador de produtos apícolas do país. Entre os destinos estão União Europeia, Reino Unido, Japão e Canadá.

De acordo com o presidente da Federação Mineira de Apicultura (Femap), Marcelo Francisco Ribeiro, o setor apícola está em expansão. “Minas é hoje o estado com a maior diversidade no país, eu acredito, em se tratando de apicultura”, afirma. Ele lembra que o Sul de Minas é forte na produção de própolis e o Norte de Minas é forte na produção do mel. “Acho que é o único estado no país que tem essa produção equilibrada”, comenta.

Atualmente, o maior produtor de mel no Estado é Bocaiúva, no Norte de Minas, onde está estruturada a Rota do Mel. O local conta com o Polo de Apicultura do Norte de Minas Gerais, com cerca de 1.500 produtores, organizados em 30 associações, uma cooperativa e uma Câmara Técnica. Segundo informações do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), até 2023 a produção local era de, aproximadamente, 1.000 toneladas de mel por ano. Para tanto, a região conta com oito casas de mel, 14 unidades de extração de produtos apícolas e um entreposto de mel.

Já a produção de própolis, em 2023, atingiu cerca de 260 toneladas, sendo o maior produtor de própolis verde, segundo a Emater. Própolis é o negócio de Marcelo Ribeiro há 22 anos. Atualmente, ele tem mais de 2.000 colmeias em cerca de 80 apiários, em Jacuí e São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas. Juntos, os apiários produzem cerca de 1,7 toneladas de própolis por ano. Marcelo também trabalha com abelhas para a polinização do café.

“De 2023 para cá eu aumentei em torno de 500 colmeias. Meus principais clientes são os entrepostos”, diz. “Hoje eu posso falar que tudo que conquistei na minha vida foi através da apicultura. Quando comecei, há 22 anos, eu não tinha nada”, lembra.

Paixão por acaso

Quem também faz parte desse universo é a apicultora Tânia do Carmo Tamietti, 56 anos, que produz mel de florada mista em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Bailarina e fisioterapeuta por formação, ela viu na apicultura uma nova paixão que surgiu por acaso. O negócio começou há cerca de 5 anos, quando encontraram as caixas de abelhas que o antigo caseiro da propriedade da família havia abandonado no meio da mata.

Tânia conta que as caixas foram achadas quando eles adentraram a mata procurando entender por onde passava um ladrão que aborrecia os fazendeiros da região. “Nessa captura toda procurando entender quem era ele e saber por onde ele passava, o meu esposo entrou na mata e lembrou da caixa de abelha. Tinha duas destruídas e uma inteira ainda com colmeia lá”, lembra.

Quando viu aquelas caixas, Tânia quis ficar com as abelhas e cuidar delas. Por conta própria, ela procurou estudar apicultura, fazendo inclusive curso no Senar. O resultado foi uma produção de mel que, a princípio, foi distribuída para a família. Com o tempo, pouco a pouco, o número de abelhas e colmeias foi aumentando. “Apareceu um enxame para fazer captura em uma fazenda próxima, então nós fizemos”, conta.

Com o aumento da produção, Tânia decidiu comercializar o mel e criou a empresa Miele. Com intuito de valorizar a apicultura, ela criou uma marca e procurou embalagens que valorizassem o produto. “E eu achei que essa valorização era numa embalagem bonita, um rótulo transparente que mostrasse o produto sem poluir. E, aí, eu fui aperfeiçoando cada vez mais”, diz.

Hoje ela conta com 20 caixas de abelhas na propriedade, além de caixas espalhadas com parceiros. A produção é toda destinada a comércios locais e parceiros, entre eles uma padaria de pães de fermentação natural no centro de BH e uma pousada na Serra do Cipó, que oferece o mel no café da manhã e também o comercializa no local.

O mel produzido por Tânia é 100% natural. Na propriedade, as abelhas transitam entre pés de jabuticaba, manga, acerola, cereja, limão, laranja e café. Além disso, há ainda produção exclusiva de mel de laranjeira e aroeira. Hoje, o queridinho da Miele é o mel com castanhas e ervas, produzido sob demanda e que pode ser consumido com queijos, principalmente.