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MG TEM DESABASTECIMENTO DE VACINAS

A Secretaria Estadual de Saúde espera que a reposição das vacinas contra a covid-19 aconteça até o dia 15 deste mês. Já a reposição da vacina contra a varicela, conhecida popularmente como catapora, está prevista apenas para o primeiro semestre do ano que vem. Os dois imunizantes estão em falta no estado e não fizeram parte da campanha de multivacinação realizada entre os dias 4 e 29 de novembro. A informação foi divulgada por Marcela Lencina Ferraz, diretora de Vigilância de Doenças Transmissíveis e Imunização, durante audiência pública na Assembleia Legislativa nesta terça-feira.

Segundo Marcela, o estado não recebe doses da vacina contra a covid-19 desde outubro. “O estado recebeu a vacina em multidoses nos meses de maio e junho, e uma última remessa em outubro. A vacina cilindrada, que é para adultos, foi entregue entre julho e setembro. Portanto, não houve um abastecimento contínuo ao longo do ano”, explicou. Atualmente, a vacina está indisponível no estado. De acordo com o Ministério da Saúde, o contrato para aquisição de novas doses já foi assinado, com previsão de entrega na primeira quinzena de dezembro. Após a entrega, as vacinas ainda passarão pelo trâmite de avaliação e liberação pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

Em relação à vacina contra a varicela, a última remessa chegou em junho de 2024. O estoque restante está sendo usado exclusivamente em casos de surto. Segundo Thiago Ferreira de Oliveira, assessor jurídico da Associação Mineira de Municípios, há 90 dias a entidade tem enviado ofícios ao Ministério da Saúde cobrando a entrega do imunizante. Ele afirmou que mais de 200 municípios estão há meses sem a vacina contra varicela. “Toda a estrutura gestacional dessas vacinas fica a cargo dos municípios, mas o ministério não encaminha as doses. A justificativa envolve problemas na fabricação e logística. Fizemos um levantamento recente e 211 municípios relataram que a varicela é a principal vacina em falta, com atrasos de 3 a 4 meses”, detalhou.

Por outro lado, o promotor de Justiça Luciano Moreira de Oliveira, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde do Ministério Público de Minas Gerais, apontou que, além da falta de imunizantes, outros fatores contribuem para a redução da cobertura vacinal no Brasil. Entre eles estão as fake news, que geram medo baseado em informações falsas, e o próprio sucesso do Programa Nacional de Imunizações (PNI). “As coberturas vacinais começaram a cair a partir de 2015. Paradoxalmente, o sucesso do PNI gerou um relaxamento. Tivemos coberturas tão boas que muitas doenças desapareceram da convivência de pais, profissionais de saúde e gestores. Isso resultou em falta de engajamento e, também, na desorganização da gestão”, afirmou.