MINEIRO SOMA PREJUÍZO DE R$ 80 MIL COM JOGOS
Departamentos Destaques Geral Notícias

MINEIRO SOMA PREJUÍZO DE R$ 80 MIL COM JOGOS

‘Cheguei a comprar uma corda e fui a um lugar para suicidar. Em uma semana, perdi R$ 39 mil’. O desabafo é do técnico em segurança do trabalho Renato Rodrigues Novais, de 41 anos, que trava uma batalha para se livrar do vício em bets.

Em entrevista ao Programa Rádio Vivo nesta quarta-feira (25), ele revelou que perdeu carro, o casamento e pensou em tirar a própria vida.

Natural de Janaúba, no Norte de Minas, ele afirma que a relação com apostas começou ainda criança, aos 12 anos, jogando em máquinas caça-níqueis.

“Piorou com as com as bets, né?”, admite Renato, ressaltando que vários pais de família vivem situação parecida. “Chega no final do mês, pega o salário todo, às vezes até pensa em pagar as contas, mas a força do hábito é maior. E não é brincadeira. Quando o cara fala assim: ‘Renato, eu vou jogar porque eu tô brincando’. Fiz uma pesquisa no meu local de trabalho com 100 colaboradores, 85 deles jogam. E eu perguntei para eles se eles têm vergonha de perder de perder dinheiro e contei para eles a minha situação. Eles falaram sim, que têm vergonha”.

“Quando o cara joga e fala que ‘ganhei’, ele vai perder. Ele jogou R$ 100 e ganhou R$ 400, mas ele perdeu R$ 2 mil. O mundo do jogo é obscuro, sabe? Não é brincadeira você pegar seu salário de R$ R$ 7 mil, jogar tudo no jogo e perder em uma hora. Você vai colocando isso na ponta da caneta, não é fácil. As contas ficam para trás. Primeiro é o jogo, depois as contas. E quanto mais você perde, mais você quer jogar”.

Renato destaca que luta para largar o vício é árdua. Atualmente, ele trocou de celular e não baixou os app de bets. “Mas tem vinte dias que perdi R$ 7 mil”, diz o trabalhador, que calcula em R$ 80 mil o prejuízo recente com as apostas. “Tive que vender o carro”, conta.

Separação e tentativa de suicídio

Pai de uma menina de 9 anos, Renato diz que o casamento terminou há um ano. “Ela me falou que, provavelmente, é por conta disso. Ninguém aguenta isso, não”, diz.

No final da entrevista, ele revelou que não se matou porque pensou na filha. “A única coisa que me tirou do suicídio foi ter pensado muito na minha filha e lembrei de uma frase de texto de Guimarães Rosa, que é um cara que fala muito da do sertão, de onde que a gente veio. Foi bem essa frase aqui e acabei queimando a corda e jogando fora:

‘O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza’, recitou.

“Ou seja, eu saí de lá triste, mas alegre de não ter perdido a vida”, concluiu.

Compartilhar