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MINEIROS VÃO USAR 13º PARA PAGAR DÍVIDAS, DIZ PESQUISA

Verba esperada por muitos durante o ano, o 13º salário deve pagar o preço da crise econômica em Minas Gerais em 2021. Pelo menos é o que aponta pesquisa do instituto DATATEMPO sobre o uso do benefício pelos trabalhadores. A maioria dos entrevistados que têm direito ao recurso, o que corresponde a 27,9%, vai utilizar o dinheiro para quitar dívidas adquiridas ao longo do ano. Além disso, cerca de 6,3% das pessoas utilizarão o valor para o pagamento de impostos, como IPTU e IPVA, e gastos escolares no início do ano.

O resultado do estudo reflete o momento delicado vivenciado no Brasil. Só em Minas, cerca de 5,8 milhões de pessoas estão endividadas, conforme estimativa da Serasa. “Um comportamento comum do brasileiro é a compra de bens materiais de forma parcelada, que permite ter acesso imediato a eles e parcelar a dívida, para depois utilizar o 13º salário para quitar”, avalia a analista de pesquisa do DATATEMPO Jaqueline Hansen.

Ela ainda ressalta que podem surgir durante o ano outros gastos com saúde e educação, além de imprevistos. No caso do torneiro mecânico Camargo Figueiredo, 30, o benefício vai ajudar, mas não será suficiente para quitar todos os débitos. “O mal do brasileiro é pagar dívida. Conta pequena mesmo, de água, luz, cartão de crédito. Neste ano, não vai dar para quitar tudo, e vou começar 2022 devendo de novo”, lamenta. “Com o 13º está sendo difícil, imagina sem ele”, acrescentou Figueiredo.

Na mesma situação está o operador de máquinas Flávio Augusto, 43. “Em 2020 deu para salvar uma parte (do 13º), mas em 2021, com a pandemia que não acaba, não deve dar. Os juros estão aumentando”, calculou. O coordenador do MBA de mercado de capitais da PUC Minas, Vinícius de Castro, aconselha que o uso do dinheiro seja priorizado para pagar os débitos que têm juros mais expressivos.

Ele destaca que, com o aumento da Selic, taxa básica de juros, que está em torno de 9,25%, quitar as dívidas pode evitar um problema maior. “É um momento oportuno para antecipar esse pagamento, porque, em teoria, o ano vai começar com taxa de juros maior. Se a pessoa está pagando algum financiamento, se utiliza cartão de crédito, as parcelas vão subir um pouco com a evolução da taxa”, explica.

O professor alerta, entretanto, que, caso tenha a possibilidade, as pessoas devem tentar utilizar o recurso natalino para dar início a uma reserva de emergência. “Daqui a 15 dias chega janeiro, e há uma despesa bastante pesada para as famílias com IPVA, IPTU e tributos escolares. Com a taxa de juros aumentando, quanto mais cedo conseguir pagar as dívidas para deixar uma reserva, será melhor”, aconselha.

Para a vendedora Lucineia da Costa, de 35 anos, o 13º vai direto para a reserva a ser utilizada na compra do apartamento. “Quero comprar no mês que vem, já fiz a simulação de financiamento e estou juntando há uns dois anos”, contou.

Outro lado 

Apesar do uso majoritário para dívidas, o comércio está animado e almeja uma injeção de até R$ 2,1 bilhões na economia somente em Belo Horizonte com o uso do 13º. A estimativa é da Câmara de Dirigentes Lojistas de (CDL-BH). A aposta dos comerciantes está no avanço da vacinação e retomada das confraternizações. “As pessoas não se encontram há muito tempo, vai ser uma época de troca de presentes, de consumo”, confia a economista da CDL Ana Paula Bastos.

Via O Tempo