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MINERAL EXTRAÍDO EM MG PODE SER SOLUÇÃO PARA CARROS ELÉTRICOS

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) avança nos projetos que estudam a aplicação de nióbio nas baterias dos veículos 100% movidos à eletricidade.

A adição do mineral extraído da mina da empresa, em Araxá, nas baterias de células de lítio dos carros, devem viabilizar recargas ultrarrápidas dos carros elétricos. Existe a expectativa de que, até 2030, eles possam ser “reabastecidos” na mesma velocidade em que hoje se completa um tanque de gasolina no posto de combustível.

“Com o nióbio, estamos conseguindo aumentar a segurança da bateria, dela ser recarregada com uma potência muito maior. Estamos falando de 10 minutos para uma recarga total da bateria”, antecipa o analista de desenvolvimento de mercado da CBMM, Érico França em entrevista exclusiva ao Autotempo.

Hoje, nem mesmos os carros elétricos de marcas de luxo como Audi, Mercedes e Porsche conseguem tão eficiência na recarga da bateria. Vendido na China por cerca de R$ 230 mil, o SUV Xpeng G9 promete a recarrega mais rápida do mundo, até 80% da bateria em 15 minutos em um wallbox especial, de 480 kW.

Olhos no futuro

Até então, o nióbio é aplicado basicamente na indústria siderúrgica. O mineral tem como maior característica tornar ligas metálicas mais leves e resistentes.

Com a crescente demanda pelos carros elétricos devido às leis ambientais cada vez mais rígidas, a expectativa da CBMM é que os primeiros carros com baterias mais eficientes e com recargas ultrarrápidas ganhem as ruas ainda na atual década.

“Hoje, os projetos fora da siderurgia, da CBMM, representam de 5% a 10% do faturamento da empresa. Até 2030, a expectativa é que essa fatia chegue a 20% a 30% do bolo. Temos certeza que, em breve, a aplicação do nióbio nas baterias dos carros elétricos das montadoras será uma realidade”, reforça Paulo Haddad, gerente de desenvolvimento de mercado da CBMM.

Só para se ter a noção da relevância da pesquisa da CBMM, hoje, existem apenas 85 pontos mapeados de extração do mineral e a mina da CBMM, em Araxá, é responsável por 80% da produção global do nióbio. A empresa mineira exporta o mineral para mais de 50 países, sendo a China – o atual maior fabricante de carros elétricos do planeta – o maior cliente.

Testes na Copa Truck

Desenvolvido ao longo dos últimos 5 anos, a próxima etapa dos testes da CBMM será a aplicação do nióbio nas baterias do primeiro caminhão de corrida híbrido do mundo, o Meteor Mission Zero, que disputa neste domingo (30) a etapa de Interlagos, da Copa Truck, a “Fórmula 1” dos pesados.

Em parceria com a Giaffone Eletric e a Volkswagen Caminhões e Ônibus, desde a primeira etapa da categoria em 2023, em Goiânia, o veículo tem sido monitorado quanto à redução das emissões de poluentes e a eficiência da bateria.

“O nióbio já está presente em peças e componentes do caminhão, como a proteção da bateria e os tubos da gaiola da cabine do piloto. O próximo passo será ele rodar com bateria de lítio com nióbio”,  revela França.

Por questão de regulamento da Copa Truck, nos treinos oficiais e na prova em si, o Meteor Mission Zero tem a bateria retirada e deixa de ser híbrido e se torna um caminhão movido a diesel apenas, para não ter nenhuma vantagem competitiva durante a corrida.