MULHERES LIDERAM 40% DOS PEQUENOS NEGÓCIOS EM MG
Outro dado que revela a forte presença feminina nesse universo é da pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo 2023 (Global Entrepreneurship Monitor). Segundo o relatório, dos 47,7 milhões de empreendedores com intenção de entrar no mercado até 2026 – os chamados empreendedores potenciais – 54,6% são mulheres. Para se ter uma ideia, no ano passado, os homens ainda dominavam esse nicho com um percentual de 55%.
Em busca de financiamento
Essa entrada cada vez mais forte de mulheres no empreendedorismo é evidenciado ainda na busca cada vez maior por financiamentos. É o caso das irmãs Nádia, Débora e Natália Samarino, sócias na escola Pas de Quatre Centro de Dança, localizada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Desde quando as aulas que ministravam como voluntárias em um projeto social se transformaram em um negócio, as irmãs buscaram financiamento por três vezes. O mais recente foi neste ano, para ajustar o fluxo de caixa. Em financiamentos anteriores, usaram o crédito para reformar o banheiro e adequar o espaço das aulas. “Depois da reforma, 80% dos alunos que visitam a escola, ficam. Antes, eram 50%. Tínhamos 170 alunos pagantes, hoje são 235, sem contar os bolsistas que temos”, afirma Nádia.
De acordo com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), até outubro, os financiamentos realizados pela instituição financeira por meio das linhas oferecidas exclusivamente às empreendedoras já superaram o volume de todo o ano de 2023, chegando a R$ 60 milhões em 2024.
Além disso, o número de negócios com esse perfil que foram apoiados pelo BDMG neste ano cresceu 20%. Até outubro, quase mil empreendedoras tiveram acesso ao crédito do BDMG, no mesmo período do ano anterior, foram quase 800.
Adversidades
Segundo Nádia, o mercado da dança é predominantemente feminino, no entanto, empreender, mesmo nesse ambiente favorável, ainda representa desafio em algumas ocasiões. “Na hora de fazer melhorias ou manutenção na escola, convivemos com áreas mais masculinas. Percebo que não dão tanta importância para a nossa opinião. Acham que, por sermos mulheres, não sabemos falar sobre uma reforma, mas estamos tratando do nosso negócio e prontas para isso”, pontua.
Nádia ainda pontua que, por ser mulher, há algumas situações que exigem mais. “Além de sermos empreendedoras, a gente traz a carga das outras atividades que, às vezes, ainda nos competem muito e ainda são muito pesadas, como a casa, os filhos etc. Então, empreender, às vezes, é um grande desafio”, afirma.
Empreendedoras por setor em Minas
Conforme o levantamento do Sebrae, na análise por segmento econômico, o setor de Serviços lidera, com mais de 450 mil empresas comandadas por mulheres, seguido pelo Comércio, que reúne 274 mil empresas sob liderança feminina.
Entre as principais atividades empresariais estão o comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios e o setor de beleza, com cabeleireiros, manicure e pedicure. Segundo o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, “esses dados mostram que as mulheres tendem a empreender em segmentos que demandam menor capital inicial e oferecem flexibilidade, fatores que facilitam a entrada no mundo dos negócios”, explica.
Ele ressalta que as perspectivas para o empreendedorismo feminino no estado são positivas e sinalizam uma evolução do mercado. “À frente de quase 900 mil empreendimentos, as mulheres de Minas Gerais não apenas consolidam sua posição no mundo empresarial, como também impulsionam mudanças sociais importantes, rompendo barreiras históricas e de gênero. Ainda existem muitos desafios, mas, com programas de capacitação, ações de incentivo e políticas públicas, as mulheres estão cada vez mais conquistando seu espaço no mercado empreendedor”, destaca.