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NÚMERO DE MORTES POR ACIDENTES AÉREOS É O MAIOR EM 10 ANOS

Em 2024, uma pessoa morreu a cada dois dias no Brasil, vítimas de acidentes aéreos. Entre 1º de janeiro e o último domingo, 22 de dezembro, o país registrou 148 óbitos relacionados à queda de aviões, conforme balanço do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

O número de mortes após queda de aviões no Brasil em 2024, inclusive, já é o maior dos últimos dez anos. A última ocorrência grave registrada foi neste domingo, quando dez pessoas de uma mesma família morreram após um avião de pequeno porte cair em Gramado, no Rio Grande do Sul. De acordo com o Cenipa, houve uma alta de 92% no número de vítimas fatais neste ano, em comparação a 2023.

O crescimento foi impulsionado pelo acidente com o voo comercial 2283, da Voepass, no dia 9 de agosto, em Vinhedo, no interior de São Paulo. A tragédia foi a maior do Brasil nos últimos 17 anos e matou 62 passageiros. Relembre, abaixo, algumas ocorrências durante o ano.

Voepass

queda do avião da Voepass, em agosto, foi a ocorrência mais grave deste ano. Foram 62 mortes após a queda do avião que fazia o trajeto entre Cascavel, no Paraná, com destino ao aeroporto de Guarulhos. O acidente foi registrado em Vinhedo. A aeronave de modelo ATR-72 caiu na área de um condomínio residencial em Vinhedo, no interior paulista.

O avião perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto antes de cair. Durante o voo, a aeronave enfrentou condições meteorológicas ‘caóticas’ e temperaturas que podem ter variado de -45 a -60 graus. O relato é do meteorologista e fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), Humberto Barbosa.

De acordo com o Cenipa, a tripulação estava a 1 minuto do início do procedimento de pouso em Guarulhos. O avião começou a cair às 13h20min57seg. Às 13h17 o comandante conversou com os passageiros e passou o horário previsto para pouso e as condições climáticas de Guarulhos.

No mesmo momento em que o comandante falava com os passageiros, o painel do avião indicava mais uma vez a presença de gelo na aeronave, momento em que o sistema de degelo foi ligado. Um minuto depois, às 13h18, o avião voava a 191 nós, cerca de 353km/h, quando o painel avisou que a velocidade de cruzeiro estava baixa.

Segundo o Cenipa, ambos os pilotos haviam cumprido treinamentos teóricos, práticos e foram submetidos a exames de proficiência em simulador de voo, os quais contemplavam o treinamento de emergências e, em especial, o gerenciamento do voo em condições de formação de gelo.

Gramado

empresário Luiz Claudio Salgueiro Galeazzi e a família morreram no acidente aéreo, neste domingo (22), em Gramado, no Rio Grande do Sul. Galeazzi era o proprietário e piloto da aeronave e estava acompanhado da esposa, três filhos, a irmã, o cunhado, a sogra e duas crianças.

Além das mortes dos ocupantes do avião, 17 pessoas foram feridas em terra, a maioria por inalação de fumaça, e atendidas nos hospitais da região. A aeronave pilotada pelo empresário era um bimotor modelo PA-42 Cheyenne, fabricado em 1990 pela Piper Aircraft. O avião decolou às 9h12 do aeroporto de Canela, cidade vizinha a Gramado, com destino a Jundiaí, em São Paulo.

Antes de cair, a aeronave colidiu com a chaminé de um prédio, e em seguida, no segundo andar de uma residência e, então, caiu sobre uma loja de móveis. Os destroços ainda alcançaram uma pousada, onde estavam duas pessoas que sofreram queimaduras graves.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), trabalham, paralelamente, na investigação das causas do acidente, com focos distintos.

O Cenipa tem por objetivo investigar as ocorrências aeronáuticas para prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. Já a autoridade policial busca por possíveis responsáveis pela tragédia.

Bombeiros

Seis militares morreram após um helicóptero do Corpo de Bombeiros cair, no dia 11 de outubro, em Ouro Preto, na região Central de Minas. O acidente foi registrado em uma área de serra na cidade. A ocorrência ocorreu logo após um avião que era utilizado no combate a incêndios florestais cair no mesmo município, matando o piloto.

O motivo da queda ainda é investigado, com apuração da Polícia Civil e do Cenipa. No entanto, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Henrique Barcelos, afirmou, no dia 12 de outubro, que ainda não há nenhuma indicação de causa do acidente, porém, houve o relato de ausência de visibilidade para o retorno.

“Temos um histórico de ter perdido o contato com o Arcanjo 04 desde o final da tarde de ontem (sexta), momento em que empenhamos todos os nossos recursos nas coordenadas que recebemos a transmissão via GPS da aeronave, de um dispositivo de emergência que é acionado. Mas a aeronave tinha deslocado a Ouro Preto para atender o acidente com um monomotor e, ao chegar lá, informou a ausência de visibilidade para retorno”, disse o militar.

Avião cai com destino a BH

Um avião de pequeno porte, com oito assentos, caiu entre os municípios de Paraibuna e Santa Branca, em São Paulo, a cerca de 100 km da capital, no dia 23 de outubro. A aeronave decolou de Florianópolis (SC) e seguia para Belo Horizonte, segundo a empresa proprietária, a baiana Abaeté Aviação. Cinco pessoas morreram: Além do piloto e do copiloto, os demais passageiros — um enfermeiro, uma médica e um mecânico — também eram da empresa dona da aeronave e foram a óbito.

Tragédia em fazenda

Um avião de pequeno porte caiu no dia 15 de agosto, na zona rural de Apiacás, município a pouco mais de mil quilômetros de distância de Cuiabá. Cinco pessoas que estavam a bordo morreram no acidente. As circunstâncias da queda do avião são desconhecidas. A Polícia Civil destacou que a aeronave de prefixo PS-AAS foi fabricada em 2010. Uma das vítimas do acidente era o empresário Arni Alberto Spiering, de 69 anos. Ele era ex-presidente do União Esporte Clube, clube de futebol de Rondonópolis.

Acidente com avião da FAB

Um caça da FAB (Força Aérea Brasileira) caiu no dia 22 de outubro em Parnamirim, na Grande Natal, durante um exercício aéreo. O piloto conseguiu se ejetar antes do acidente e teria projetado o avião para cair em área desabitada, de acordo com a FAB. Ele foi resgatado por uma equipe de salvamento. A aeronave colidiu com o solo e explodiu. A aeronave caiu em uma área de mata próxima a diversos condomínios residenciais. Não há informações de feridos.

Mineiros morrem em Santa Catarina

O piloto Geraldo Cláudio de Assis Lima e o empresário Antônio Augusto Castro, de idades ainda não divulgadas, morreram na queda de um avião bimotor no Norte de Santa Catarina, no dia 3 de junho. A aeronave saiu de Governador Valadares, na região do Rio Doce, e tinha destino a Florianópolis, mas não conseguiu pousar no aeroporto de Joinville momentos antes da queda. O veículo pertence a uma construtora de Belo Horizonte.

O local onde a aeronave caiu é de mata fechada e ribanceira. Por isso, quando os militares encontraram as duas vítimas, solicitaram apoio para retirada segura dos corpos. O avião bimotor estava a 3.660 metros do chão quando começou a perder altitude nos 20 minutos finais do trajeto. Mesmo perdendo altitude, o veículo chegou a velocidades maiores de 300 km/hora. As informações foram mapeadas pela ferramenta Flight Aware.

A tripulação saiu de Governador Valadares às 14h10 de segunda (3) e teve a sua última localização marcada às 17h38, ficando 3h28m no ar. Ainda conforme o trajeto, o avião ficou a maior parte do tempo, cerca de 3h, a 3.660m de altitude.