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PADRE MÁRIO MORRE AOS 90 ANOS

A tarde entristeceu de repente, os sinos da matriz Nossa Senhora do Carmo quebraram o silêncio da tarde de domingo. Morreu em Carmo do Rio Claro, Padre Mário, aos 90 anos. Ele vivia na casa paroquial. Ele havia sido internado no hospital São Vicente de Paulo no dia 17 de agosto. Depois, foi transferido no dia 22 para o hospital São José, em Passos. Padre Mário teve alta médica na última segunda-feira, 30 de agosto.

Monsenhor Mário Pio de Faria, ou simplesmente Pe. Mário , nasceu em Areado, 10 de outubro de 1930. Filho de Joaquim Pio de Faria e Gabriela Emidia de Faria, vem de uma família de 05 irmãos: Pedro, André, Adélia , Joaquim e Mário.

Órfão de pai aos 02 anos, foi batizado por Pe. Antonio Henriques do Valle e crismado por D. Ranulfo da Silva Farias. Fez sua 1ª Eucaristia em 16 de março de 1936. Sua primeira escola foi a Escola em Engenho da Serra- Dona Vitória. De 1936 a 1942, no Município de Alfenas, estudou da 1ª a 4ª série na Escola Rural do Campinho, sob orientação das professoras Lourdes e Alice Vieira. Foi seminarista de 1943 a 1955 em Belo Horizonte, no Seminário Coração Eucarístico de Jesus, tendo como estudos básicos as matérias Filosofia e Teologia.

Em 08 de dezembro de 1955  foi ordenado Sacerdote por D. Inácio João Dal Monte, juntamente com Pedro Meloni e Alvaro Alves da Silva na Catedral de Guaxupé. De 1956 a 1966, na cidade de Guaxupé, foi professor de Português e História, Vice- Reitor, ecônomo e Reitor no Seminário Diocesano. Foi ainda Professor de Ética, na Faculdade de Introdução à Filosofia, hoje a UNIFEG. Coordenador da Pastoral diocesana no ano de 1966, quando, no mesmo ano, foi nomeado Pároco de Carmo do Rio Claro em substituição a Padre Marcelo Prado Campos, tendo tomado nesta cidade posse como pároco em 15 de outubro.

Coube a ele traçar, de acordo com Concílio Vaticano II o 1º Plano de Pastoral de conjunto da Diocese de Guaxupé, também no ano de 1966. Foi responsável pelo Acabamento da Igreja Matriz, pela construção da Casa Paroquial, e entre 1968 e 1969, após longa batalha junto ao Governo Federal, recolocou no ar a Rádio Difusora, criando para isso a Fundação Padre Penteado. Administrou também os sítios: Pau do Óleo, São Pedro do Itapiché e Country. Deu assistência às comunidades rurais e construções de sedes, capelas e barracões comunitários, reformas e reconstruções de capelas nos Mendonças, Leandros, Furna, Ferreiras, Balbinos, Pinheiros, Vargem dos Pinheiros, Buracão e Mandembo. Participou da reestruturação de toda a comunidade adequando às novas realidades da igreja após o Concilio do Vaticano II , deixando de celebrar as missas em latim e passando a celebrá-las no vernáculo.

Em 1969, tornou- se o primeiro diretor da Escola Estadual de Carmo do Rio Claro, que sucedeu às escolas particulares Montfort e Sagrados Corações. Teve papel decisivo na estadualização de ambas as escolas e até o início da década de 90, ministrou aulas de Ensino Religioso na mesma Escola, já batizada de “Escola Estadual Monsenhor Mário Araújo Guimarães”.

Participou da reativação do Lar Nossa Senhora do Carmo no início dos anos 70. Nos anos de 1971 e 1978, manteve o jornal “Resumo”, que noticiava além dos fatos da paróquia as noticias da cidade. Adquiriu a casa das Irmãs da Providência para abrigar o Centro Pastoral. Em 1978 recebeu o título de Cidadão Carmelitano, por proposição do então vereador Antônio Adauto Leite. No início dos anos 80, construiu a nova sede da rádio Difusora, , no bairro Santo Antônio, inaugurada em 15 de agosto de 1982.

Montou os grupos de catequese e pastorais com atuação em diversas áreas. Foi também de suma importância o seu trabalho na encampação da CGE pela CEMIG, no ano de 1984, visto que àquela época a CEMIG não entendia ser lucrativo sua instalação em nossa Carmo do Rio Claro.

Em 1992 foi Sócio Fundador da Associação Nacional de Presbíteros do Brasil da qual foi Vice-Presidente e representante, ora da Diocese, ora da ANPB, junto aos Encontros Nacionais de Presbíteros por seis vezes.

Em 1999, Construiu a capela da Sagrada Família, elevada a condição de Paróquia em 2006. Foi também eleito no ano de 2000  Cidadão do Século, na área de religião, pelo periódico Expresso Carmelitano.

Além de todos estes trabalhos, cumpre ressaltar que o Pe. Mário Pio de Faria foi membro do Conselho de Presbíteros e representante dos Presbíteros, junto ao leste 02, regional do Conselho nacional dos Pastorais do Brasil em Minas Gerais e Espírito Santo. Ele orientou ainda a comunidade na construção dos centros pastorais e incentivou efetivamente a criação das Associações de Bairros Rurais, para que pudessem melhor se organizar.

Padre Mário Pio de Faria recebeu influência vocacional principalmente do Pe. Antonio Henriques do Valle, de Monsenhor Mário de Araújo Guimarães, do Monsenhor José Maria Matias da Silva, além, é claro, sua família, que seguia uma vida cristã.

Foi o Pároco que esteve oficialmente por mais tempo em Carmo do Rio Claro – 43 anos – tendo se aposentado em 2009, por sua saúde debilitada mas, mesmo emérito, permanece atuando em seu ministério de sacerdócio, viveu ainda no seio carmelitano sempre as sombras do escapulário da Virgem e Senhora do Carmo.

Biografia por Juninho Oliveira – Historiador