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PAPA PEDE AJUDA PARA A UCRÂNIA

Sem mencionar a Rússia ou Vladimir Putin como agressores diretamente, o papa Francisco denunciou nesta sexta-feira, 18, o “perverso abuso de poder” exibido na guerra na Ucrânia e pediu ajuda para os ucranianos que, segundo ele, foram atacados em sua “identidade, história e tradição”.

Os comentários de Francisco, em uma mensagem para uma reunião de representantes católicos europeus, marcaram alguns de suas declarações mais fortes até agora ao afirmar o direito da Ucrânia de existir como um estado soberano e de se defender contra a invasão da Rússia.

O papa evitou cuidadosamente mencionar Putin, ou mesmo a própria Rússia, como agressor. E embora tenha dito que quem justifica a violência com motivações religiosas “profana o nome” de Deus, ele evitou críticas ao principal defensor e apologista religioso da guerra, o patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa.

Kirill, que é próximo de Putin e disse que sua liderança é “um milagre de Deus”, justificou a guerra como necessária para impedir a propagação de “paradas gays” do Ocidente em território cristão.

Ao contrário de alguns nacionalistas europeus, que subitamente deixaram de lado o nome de Putin para evitar lembrar aos eleitores que pertenciam ao fã-clube do líder russo, a motivação de Francisco vem de sua caminhada na linha tênue entre consciência global, player diplomático do mundo real e líder religioso responsável pela segurança de seu próprio rebanho.

No entanto, alguns de seus próprios bispos e outros apoiadores da Igreja Católica Romana querem que ele cite nomes, e os historiadores dizem que o pontífice corre o risco de escorregar de seu alto terreno moral e entrar em um espaço obscuro ocupado proeminentemente pelo papa Pio XII, o papa da guerra que evitou falar criticamente de Hitler e das potências do Eixo quando a Alemanha invadiu a Polônia e, eventualmente, perpetrou o Holocausto.

“De muitas maneiras, a situação atual do papa lembra a situação que Pio XII enfrentou”, disse David I. Kertzer, historiador do Vaticano e da Itália cujo novo livro, O Papa em Guerra, sobre Pio XII, Mussolini e Hitler, será publicado em junho.

Via Itatiaia