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PREÇO DA CEIA SOFRE COM INFLAÇÃO, NO SEGUNDO NATAL DA PANDEMIA

Marcado pela volta das reuniões de família após o avanço da vacinação contra a Covid-19, o Natal deste ano também deve ser de aumento de preços dos produtos da ceia, em meio à escalada da inflação no Brasil, que chega a 10,25%, nos acumulado dos últimos 12 meses. Ao mesmo tempo, a alta do dólar encarece os produtos importados e, ainda que com leve queda nos últimos dois meses, as carnes seguem pesando mais no bolso do brasileiro.

Levantamento do site de pesquisa Mercado Mineiro realizado em lojas do Mercado Central, no Centro de Belo Horizonte, na primeira quinzena deste mês mostra, por exemplo, que a média de preço das frutas cristalizadas aumentou quase 42% desde  novembro do último ano, passando de pouco menos de R$13 para R$18,37. O quilo do damasco seco, geralmente importado, também subiu praticamente 59%, passando de R$46 para R$50,47.

“O dólar e o euro estão falando alto no preço das importações. O preço das carnes, de maneira geral, caiu um pouco nos últimos meses, mas ainda são preços mais altos que os do ano passado. Mesmo assim, acredito que o consumidor não vá deixar de comprar, até pelo aspecto psicológico de ter passado o último Natal assustado e, agora, estarmos em um momento melhor da pandemia”, avalia o administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. Com a pressão sobre o mercado interno, a partir do embargo de exportações de carne bovina para a China, levantamento do site mostra que, no início de novembro, as carnes em geral apresentaram leve queda de preço, mas ainda acima do patamar anterior à pandemia. 

A fundadora da empresa de cardápios prontos Marinar Gourmet, Marina Ticon, atesta que os produtos natalinos, incluindo as carnes, aumentaram, em média, 25%. “A gente sabe que os preços ainda vão subir até o Natal. No Natal do ano passado, já houve um aumento muito grande, de até 50% em relação ao de 2019. Não estamos nem encontrando produtos que achávamos com facilidade, porque atacadistas também estão com dificuldade para comprar, devido ao valor”, relata.

Fornecedores que oferecem cestas natalinas para empresas também sentem a pressão dos preços. O representante comercial da Nutrifaz Cestas Rodrigo Burato detalha que o preço dos produtos que compõem as entregas subiu em média 20% neste ano. “As bebidas alcoólicas, ameixas, uvas passas e os doces, por exemplo, aumentaram. Tivemos que diminuir a margem de lucro para não repassar tudo para o consumidor”, pontua.

Natal tropical ajuda a reduzir gastos

 

A coordenadora institucional do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais (MDC/MG), Solange Medeiros, defende a substituição especialmente dos itens importados pelos nacionais na ceia de Natal, a fim de cortar custos.

“A nossa experiência e Natal é focada em um Natal que não é osso, com todo o estilo de países gelados. A questão não é deixar de fazer a ceia e encontrar ps amigos, mas dar preferência a produtos nacionais, e não às frutas secas do Natal, por exemplo, que são importadas. Dá para fazer uma vasilha bonita de frutas como banana, laranja e abacaxi pra enfeitar a mesa natalina”, exemplifica.

Com a alta das carnes, ela também recomenda abandonar tradições e apostar nas peças que estiverem mais em conta. “Nenhuma carne está barata, mas é possível fazer um falso lombo, por exemplo, metade dele com pernil e metade com carne moída, recheado com ovo cozido, com fruta… Não é necessário fazer iguarias caras para ser algo delicioso”, conclui.

Supermercados de bairro também apostam em substituições, segundo o gerente da rede de supermercados Guarim Guarani, César Lima. “Estamos preferindo comprar uma marca menor, mas com preço agressivo, do que ter a marca líder. Não vamos apostar tanto nas castanhas nobres, por exemplo, que estão com preço elevadíssimo”, explica.