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PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM MINAS ADMITEM EXAUSTÃO EM LUTA CONTRA COVID

Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no limite da capacidade, sofrimento e morte dos pacientes, desespero das famílias e um volume de trabalho que não dá sinais de diminuir. Tudo isso mina as forças de quem abraçou a missão de salvar vidas. O cansaço prolongado desestabiliza profissionais de saúde na linha de frente do combate ao novo coranavírus.

“Chegamos ao momento de exaustão física e emocional”, afirma Salma Regina Gallate, diretora-técnica da Santa Casa de Guaxupé. A cidade integra uma das 10 entre  as 14 macrorregiões de saúde  mantidas na onda vermelha, a de alerta máximo do Programa Minas Consciente.

Nesse ritmo, nem a chegada da vacina se traduz em alívio duradouro. “Foi emocionante participar dessa conquista da ciência”, diz  o gerente assistencial da Santa Casa de Ouro Preto, na Região Central, Leandro Leonardo de Assis, sobre a aplicação de doses em profissionais do hospital. Mas lembra que boa parte do pessoal da instituição – assim como a imensa maioria dos brasileiros – ainda não foi imunizada. “O que vemos nos profissionais é um desgaste físico e emocional muito grande”, diz.

Enfermeiro de Juiz de Fora , na Zona da Mata, Anderson Leandro que o diga: “É cansativo, estressante, a gente tenta não demonstrar, mas fica sem paciência”. Ele conta que já teve que dobrar jornadas de 12 horas várias vezes para cobrir colegas que adoeceram. Às horas mal-dormidas  se soma o assombro de ver a morte que se multiplica em curto espaço de tempo. “A gente fica sentido”, conta o médico Alessandro Bacelar, que perdeu oito pacientes em uma casa de idosos de Uberlândia, no Triângulo. Na roda da pandemia, o apelo que se repete na voz da enfermeira Cíntia Aguiar, de Governador Valaredes, no Leste de Minas: “ Conscientizem-se! Recolham-se!”.

Guaxupé e Varginha  – Após 10 meses de pandemia, o Sul de Minas soma quase 65 mil casos de COVID-19, sendo mais de 1.350 mortes em decorrência da doença. Um trabalho intenso e desgastante sendo feito diariamente pelas prefeituras e hospitais para conter o avanço da doença. Guaxupé chegou a decretar lockdown depois de a Santa Casa da cidade, que tem 14 leitos de unidade de terapia Intensiva (UTI) ter atingido 100% da capacidade em dado momento. A unidade atende pacientes da microrregião, e, se necessário, pessoas da macrorregião também são recebidas para tratamento.

“No momento em que já deveríamos estar mais tranquilos, o número de casos positivos está crescente, com necessidades de tratamento em UTI sob ventilação mecânica”, disse Salma Regina Gallate, diretora-técnica da Santa Casa de Guaxupé. Um trabalho que não para a cada dia que o município confirma novos casos. “Chegamos ao momento de exaustão física e emocional, por vivenciarmos os óbitos e sofrimento dos pacientes e das suas famílias, ansiedade e angústia pelo afastamento dos profissionais de saúde por ter testado positivo para o vírus ou por abandono da profissão”, ressaltou.

Ela conta que muitos profissionais foram infectados enquanto lutavam pela vida de seus pacientes. “Praticamente em todos os setores tivemos funcionários acometidos, mesmo com todos as medidas de segurança”, afirma. E sabe que muito esforço ainda terá que ser feito fora e dentro dos hospitais. Entre os desafios, manter estoques de medicamentos, principalmente os sedativos e relaxantes musculares para dar conforto aos pacientes, cuja escassez já tirou o sono dos profissionais do hospital e exigiu “otimização dos recursos” recebidos das autoridades de saúde e doações.

Outra certeza é de que o trabalho nem o sofrimento vão diminuir sem a colaboração da população. “Se não houver participação da população em seguir os protocolos de proteção e a não aglomeração, teremos pacientes morrendo sem assistência em macas dos hospitais, em casa ou aguardando por atendimento. Sem exageros da minha parte.” alerta.

Varginha é outra cidade em que o avanço da COVID-19 tem preocupado a administração municipal. O município vem batendo recordes diários e, com 4.331 casos, ultrapassou a maior cidade do Sul de Minas, que é Poços de Caldas.

Via Jornal Estado de Minas.