SANTA CASA DE POÇOS FECHA ALA DE CONVÊNIOS
A ala para pacientes conveniados foi fechada na Santa Casa de Poços de Caldas para que os atendimentos pelo SUS possam continuar. A medida foi tomada por conta de dificuldades financeiras que o hospital tem convivido, como a saída de médicos e enfermeiros. A prefeitura já fez uma ajuda emergencial no valor de R$ 2 milhões ao hospital.
O caso foi exposto pelo Secretário de Saúde, Carlos Mosconi, durante sessão da Câmara Municipal realizada esta semana.
“A Santa Casa não está mais aceitando transferências de pacientes, porque ela tem um problema interno que envolvem problemas administrativos, financeiros, falta de funcionários. Naturalmente é uma preocupação grande para nós”, disse.
Segundo Mosconi, os problemas se agravaram principalmente pela falta de profissionais na Santa Casa.
“Um cirurgião plástico foi embora, pediu demissão. Outros cirurgiões, outros médicos de outras especialidades saíram. A Santa Casa não está recebendo hoje nenhum paciente da UPA, nenhum paciente de lugar nenhum. Nem particular que chega lá consegue entrar”, disse.
O secretário afirma que o município ajudou a pagar uma dívida de R$ 2 milhões, entre o hospital e os médicos. Ele busca junto ao jurídico outras formas de diminuir os problemas da Santa Casa,
“Nós estamos procurando aqui dentro, no nosso departamento financeiro, naturalmente com o apoio da prefeitura, e também dentro do nosso departamento jurídico, o que nós podemos fazer para minimizar, ou tentar buscar solução a esse problema. Com o objetivo de que a Santa Casa não para de internar pacientes do SUS, que ela receba os pacientes do SUS, que os pacientes da UPA possam ser transferidos, assim como os paciente do Margarita Morales também possam ser transferidos para lá”, falou.
O superintendente da Santa Casa reconhece que houve um êxodo de profissionais da saúde, que inclui médicos e, principalmente, enfermeiros.
“Ocorreu porque a gente não consegue pagar os mesmos salários aos profissionais, principalmente os de enfermagem, comparado aos outros hospitais que estão na cidade. A gente não consegue acompanhar. Então, por conta disso, é natural que as pessoas queiram algo melhor para elas, que é receber melhor, ter o melhor salário”, comentou o superintendente da Santa Casa, Ricardo Sá.
Com a saída de vários profissionais a Santa Casa chegou a fechar uma ala com 14 leitos que era destinada a atender pacientes de convênios particulares. Com essa decisão, os profissionais que trabalhavam no local agora atendem pacientes que chegam por meio do SUS.
“Temos muitos profissionais formados e formandos em nossa região, mas a maioria não se interessa em ingressar na profissão devido aos baixos salários. Não podemos esquecer também que a enfermagem é uma profissão de risco. Nós temos muitos agentes nocivos à saúde do trabalhador dentro do ambiente hospitalar. Esses profissionais se encontram desiludidos com a profissão pela desvalorização profissional, que não condiz com a responsabilidade do trabalho que essas pessoas desenvolvem”, destacou o fiscal do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren), Marcos Rubbio.
O superintendente do hospital afirmou que conseguiu, junto ao município, um reajuste no salário para os funcionários da Santa Casa. Ele disse acreditar que o aumento poderá evitar a saída de profissionais.
“11% de reajuste salarial e também 11% no vale alimentação. Com isso, a gente se aproxima muito dos valores que estão no mercado ai fora, e com isso a gente conseguiu parar esse êxodo de funcionários. Já estamos começamos a fazer uma nova chamada, de novos funcionários ou até mesmo trazendo alguns funcionários antigos, recompondo o nosso quadro”, pontuou Ricardo Sá.
Sobre o não recebimento de pacientes, o superintendente disse que isso ocorre devido ao hospital estar lotado com frequência, o que faz com que não seja possível o recebimento de pacientes por falta de leitos.
“Esse problema acontece independente da questão de quantitativo de funcionários. A gente não recusa, a gente pede para esperar. Porque como o hospital tem ficado notoriamente e regularmente sempre muito cheio, lotado essa é a verdade, a gente pede para que a rede aguarde para que em um ou dois dias a gente consiga a vaga para algum paciente que esteja em estado grave na rede para vir ao hospital”, disse.