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PERÍODO CHUVOSO É MOMENTO DE AÇÕES CONTRA A DENGUE

A chegada das chuvas significativas em Minas Gerais, após uma das maiores secas da história, movimenta uma força-tarefa na área da saúde. É no período chuvoso entre os meses de outubro e maio que o Aedes aegypti – mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do zika vírus – se multiplica com mais facilidade. Após a maior epidemia de dengue no Estado, este é o momento em que ações de prevenção podem barrar um possível novo surto em 2025, inclusive de chikungunya, conforme a avaliação de especialistas.

Em Belo Horizonte, equipes de zoonoses estão vistoriando imóveis à procura de criadouros do mosquito, enquanto drones e espécies modificadas em laboratório fazem um serviço paralelo. Um investimento de R$163 milhões por parte do governo do Estado quer reduzir os índices das doenças. Em nível nacional, o Ministério da Saúde separou R$ 1,5 bilhão no enfrentamento aos arbovírus.

Minas Gerais registrou, até o início do mês (7 de outubro), mais de 1,2 milhão de casos confirmados de dengue em 2024, e 1.054 mineiros perderam a vida com o diagnóstico. Os números do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) são mais de 300% superiores aos indicadores do mesmo período do ano passado. Até o dia 9 de outubro de 2023, o Estado tinha pouco mais de 285 mil infectados por dengue e 177 óbitos – as mortes cresceram 495%.

A dois meses do final do ano, os índices devem subir ainda mais, conforme alerta o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi. Segundo ele, o Estado tem se preparado para os piores cenários.

“Há uma perspectiva de aumento de casos. Não é possível confirmar, agora, que vai vir uma nova epidemia, mas precisamos estar preparados para o pior. Antecipamos todas as ações e estamos alertando a população. É o nosso papel”, alerta. 

Nessa terça-feira (22 de outubro), gestores da saúde do Estado se reuniram com representantes do Ministério da Saúde. O encontro fez parte de uma mobilização nacional  para o controle do Aedes aegypti. “Nosso objetivo é organizar a rede assistencial previamente, para evitar que os Estados e municípios enfrentem colapsos e tenham que decretar emergências. O apoio será preventivo, não condicionado a decretos de emergência”, explicou o  secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do MS, Rivaldo Cunha.

O Ministério da Saúde lançou o “Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses” com investimento de cerca de R$ 1,5 bilhão. Os recursos envolvem a aquisição de vacinas contra a dengue, insumos laboratoriais para testagem das arboviroses, insumos para controle do vetor (o mosquito) e campanhas de comunicação.

Calor e chuva favorece o ciclo de vida do Aedes aegypti

O médico e presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Adelino Melo Freire explica que o período quente e chuvoso, além de favorecer o acúmulo de água parada, criadouro do Aedes aegypti, também acelera o desenvolvimento do mosquito. “O Aedes aegypti é favorecido por condições de calor e umidade, que são ideais para o seu ciclo de vida. A fêmea deposita os ovos em locais com água parada, e o calor acelera o desenvolvimento das larvas. Crescem a população do mosquito e a transmissão da doença”, pondera Freire.

O infectologista avalia que o risco dos mineiros viverem uma nova epidemia de arboviroses em 2025 está diretamente ligado ao controle do mosquito durante as chuvas. Adelino Melo Freire alerta para o avanço da chikungunya no Estado como uma ameaça para o próximo ano. “O Aedes aegypti também é o vetor da chikungunya, e a ausência de uma vacina torna a população suscetível. O aumento dos casos da doença é possível e preocupa as autoridades de saúde”, diz ele, que também é médico na Unimed-BH.