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ADOLESCENTES MORREM POR DENGUE EM PASSOS

A Secretaria de Estado de Saúde (MG) confirmou quatro mortes por dengue nesta semana em Passos (MG). Das quatro pessoas que morreram pela doença, duas eram adolescentes e não tinham comorbidades.

Em todo o estado, 211 mortes já foram confirmadas por causa da dengue. Com as confirmações desta semana, Passos agora tem o maior número de mortes pela doença no Sul de Minas.

Uma das vítimas da dengue é a adolescente Maria Fernanda, de apenas 13 anos, que não resistiu à doença. Entre os primeiros sintomas da doença e a morte, foram apenas quatro dias.

“Me falaram que infelizmente ela iria entrar em morte cerebral, encefálica, que tentaram desentubar, que ela não voltou, foram fazendo os procedimentos, que a qualquer momento ela iria entrar em morte encefálica, cerebral, mas que eles iriam fazer mais testes. Aí chegou na quarta-feira, ela faleceu às 2h32”, disse a agente comunitária de saúde Ana de Paula.

Segundo a família, Maria Fernanda esbanjava saúde. Não tinha nenhuma doença pré-existente que pudesse complicar os sintomas. Alegre, dedicada aos estudos e amada pelos pais.

“Maria Fernanda é minha vida, é tudo, uma parte de mim foi embora com ela, porque ela era tudo na minha vida. Minha amiga, minha companheirinha, eu ainda perguntava, ela chegava da escola e mandava mensagem todo dia: ‘Mamãe, como você está?’. Aí eu me pergunto, quem pergunta isso pra mim hoje, eu pego no celular e fico esperando, no horário dela falar ‘Como você tá, eu cheguei'”

“Ela era tudo na minha vida, eu sinto que eu estou dormindo, tendo um pesadelo, que eu vou acordar e isso tudo acabou, mas infelizmente não é”, completou a mãe de Maria Fernanda.

 

Além da Maria Fernanda, pelo menos mais três pessoas morreram pela dengue em Passos. Uma delas é Ana Luiza, de apenas 15 anos. As outras duas vítimas são homens acima dos 50 anos. Outras três mortes por suspeita da doença estão em investigação na cidade.

“O município realizou a contratação de novos profissionais tanto para a assistência quando para trabalhar a prevenção e o combate, estendeu os horários de atendimento, hoje nós temos pontos de hidratação espalhados por todo o município para facilitar o acesso, o acompanhamento desses pacientes, porque a dengue é uma doença que tem que ser acompanhada, então é muito importante que todas as pessoas com sinais e sintomas de dengue procurem atendimento médico para uma avaliação e para um acompanhamento, para evitar esses agravamentos e um possível óbito”, disse a coordenadora da vigilância epidemiológica de Passos, Paula Fabiana Tavares Freitas Santos.

A dengue é doença antiga, que surgiu no fim do século 19, mas os efeitos no organismo humano ainda são estudados pelos especialistas.

Boa parte dos pacientes conseguem se recuperar da doença, mas a probabilidade de alguém que teve dengue grave não sobreviver pode chegar a 10%, segundo médicos. Por isso é importante estar alerta aos sinais de alarme que geralmente aparecem entre o terceiro e o quatro dia de sintomas.

“Dor abdominal intensa e persistente, vômitos persistentes, a hipotensão postural, então aquela pessoa que vai levantar e sente aquela tontura, a sudorese fria também, a taquicardia e a pressão abaixa. Nesse período se os pacientes estiverem com dengue e após o terceiro e quatro dia apresentarem esses sintomas, eles têm que procurar rapidamente o atendimento médico para restabelecer todo esse processo da desidratação”, disse a infectologista Priscila Freitas das Neves.

Para a pesquisadora de gestão em saúde pública da Universidade do Estado de Minas Gerais, Maristel Kasper, as mortes por dengue sempre são evitáveis, mas é preciso investimento na área da saúde para que os atendimentos aos pacientes aconteçam de forma rápida e eficiente.

“O município necessita de mais equipes, de mais investimento na atenção básica, na saúde pública, então ou a gente investe, ou a gente investe, porque se a gente não investir na prevenção agora, a gente vai gastar muito mais depois com a doença, a doença é mais cara para os cofres públicos e muito mais dolorido no coração de quem perde seus entes queridos por uma doença que é prevenível”, disse a pesquisadora de gestão em saúde da Uemg, Maristel Kasper.